Sou nada
Julho 01, 2016
Não vejo um palmo à frente do nariz
Meus olhos andam postos no infinito
Meu rosto espelha pânico, conflito
Na escolha ser poeta, ou ser feliz
Ando a desatar nós que eu próprio fiz
E os versos sacudidos que no ar agito
São convulsões dum pássaro que grito
Num quadro preto, o branco pó do giz.
Não sou moldável plasticina ou barro
Nem combustível que alimente um carro
Incompatível no universo inteiro
Sou vago, como a luz que a vela dá
Inútil especiaria que não há
Serei sempre o que, em nada, foi pioneiro