Soneto de um anónimo
Agosto 11, 2016
Neste oco espaço inculto sou anónimo
“bom dia”, nada mais, passo discreto
Vivo a pensar que fui sempre o antónimo
Da vida, triste, sério, circunspecto
Meu queixo, sempre em direcção ao solo
Qual acólito fingindo escutar Deus
Sou corpo com minha alma a tiracolo
Por vezes, sou troiano entre os aqueus.
O tédio, essa praga de gafanhotos
Que arruínam os campos que cultivo
É que me isola de quem me entedia
Meus versos, nesta igreja, são arrotos
Esse ópio que me torna disruptivo
Que espanta a treva que me engole o dia