Poema em miniautra
Agosto 22, 2016
Tenho a tristeza da pedra inerte
Esperando ser apanhada por uma criança,
Para atirar-me ao rio por culpa do destino
E da natureza verde que o rodeia
Raios de sol no vitral dos seus olhos.
Tenho mais ânsias que sonhos. Não tenho
No meu currículo medalhas de ouro
Em que tenha sido vencedor num momento
Que provoquei riso e se riram de mim.
Rubro, meu sangue, desaguará no mar
E as deusas não criarão anémonas
Em minha honra. Acolho-me
Nesta redoma de vidro inquebrantável
Lugar vazio de música, cor e palavras
Sem silêncio meditativo,
Sem lembrança degenerativa,
E vou apagando no caminho o rastro deixado
Incapaz de ser o que fui
Fugindo de mim…
Continua, continua, a cicatriz é o tempo
Avistarás terra segura no tumulto azul
Robinson Crusoe dos tempos modernos
Náufrago na espuma branca efervescente
Sátiro de si próprio, político de si mesmo
Mas enquanto não encontro o que procuro
Enquanto sou horizonte inalcançável
Oiço rachar troncos de carvalho no coração
E sou luz de candeeiro aceso na noite
Como o céu nocturno se esquecera
De apagar a Lua…