Invoco-te, Inverno
Agosto 29, 2016
Invoco-te, também, Inverno inimigo
Das líquidas canções, do chapinhar constante
Do frio a enregelar-nos a alma sem abrigo
Dos baixos céus de cinza e vento agonizante,
De plátanos despidos, de árvores sem flor
Das tuas barbas brancas, noites ancestrais
E da aflição do poeta desmanchar em cor
O esquálido mundo com versos triviais.
Perséfone, eu te invoco do teu escuro trono
Mima esse obscuro deus que acolhe as almas mortas
Sombrio, em seu palácio, onde o Estígio banha
Ignora, pois o Verão inspira tédio e sono
Que mato com licor do deus das pernas tortas
Sentindo a vida inútil cada vez mais estranha