Ágora
Agosto 18, 2021
Estive alguns anos preso ao romantismo
falávamos disto nos fins de tarde sempre domingo
perdíamos a noção do tempo tendo por amanhã
garantido, oposto ao presente, hoje futuro
a caligrafia poética prendia-me a atenção
tentava absurdo desenhar com escrita casta
coração selvagem, ainda puro, ainda limpo
não gasto, suavíssimas linhas de inocência
tragam-me silêncio, absoluto, copo de absinto
alucinação do poema áspero que deslumbre
somente perturbadas almas pelo sono ambíguo
poderão vir bater-me à porta se desejarem
nos dias que estarei a estender versos molhados
ao sol da minha infância, ao sol da juventude