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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Ode à Musa

Novembro 28, 2005

Musa, que ao pranto incitei teu peito,
De rios guardados, chuva de outrora,
Das margens transborda azul, o leito
Por ti teu vate também ele chora.
Versos purpúreos, minha Afrodite,
Que a veia nunca a dor te incite.

De ver-te o rosto brindado luar,
Ao meu aninhado, o teu corpo lasso,
Ateias-me a veia crepuscular,
De versos da cor de beijo e abraço;
Vermelho é teu o sangue meu,
Sem herdar certo que Zeus nos deu.

Curvo-me perante forte vontade,
Que em ti germina como na flor,
Rebento de Primavera na claridade,
Antes de desabrochar de Amor.
Curvo-me a quem vida germina,
Olvido quem mal trama ou congemina.

Quem tudo nos Deu amaldiçoei quando,
Soltei-te à frente, Deusa poética
A ira; não escoa no rio estando,
Na lama corre a água atlética.
Talvez terena mágoa a Neptuno,
Vai dar ao ofício seu olhar soturno.

Lembras-te, Deusa, quando olhos teus,
Cheios de graça de quem tanto sonha,
Inertes, ígneos ficavam nos meus,
Quando feliz, ficavas tristonha?
Lembra-te ao meio que eu não esqueço,
Sabendo vil que por vezes pareço.

Dançava à frente fogo alto ardente,
Que frases constantes soltas à noite,
Quando ébrios de luz incandescente,
Tornava-se ao fogo dar-lhe açoite.
Quem tempo me dera agora ter,
Ser um alado ser para te ver.

Vejo-nos na viagem a Esparta antiga,
Que paz levaram príncipes troianos,
De lá trouxeram, terra inimiga,
Quebrada aliança com os espartanos.
Porque o amor forja revolta,
A quem a Baco criou a escolta?

Porque vaza o licor a alma nossa,
De frases de ti, Musa, eloquentes?
Talvez carpir de ti perdão possa
Um dia em que teu trilho, enfrentes.
Como ao vento esvoaça estandarte,
Danças livremente honrando a arte.

Se nas veias corresse um escaldante,
Sangue no mármore tão frio tratado,
Por sábio, talvez levasse avante
Meu sonho seria, Musa, realizado.
Como se encara em derrota sofrida,
Que não deu Páris volta à seta ida?

Pois setas desferidas por Páris são,
Minhas frases que tanto anunciam,
A desgraça a ti, pobre coração,
Que os olhos , besta sou, extasiam.
Ah vontade da qual eu não primo,
Porque te magoei se tanto te estimo?

Mais forte que a tempestade irosa,
Se forma ao longe na linha distante,
Negro no mar cerra, ó virtuosa:
Quando te arde fogo flamejante,
Que dos meus olhos, besta, não seguro,
E à noite com Baco me desnaturo.

Porque te vejo na rósea alvorada,
Quando dá luz astro à Terra gentil
Sobe alto e a deixa tão iluminada
No zénite que atinge com seu ardil
Porque escorre de ti a doce linfa,
Porque és Musa, és Deusa, és Ninfa.






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