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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Três Sonetos

Junho 28, 2006

I

O que posso fazer por quem não pode,
Fazer o que eu não fiz nunca na vida,
A esperança, que ajuda a alma, não acode,
Marchar no tempo sem vida sentida?
Que posso eu fazer por quem não tem,
A esperança em si, expelida num langor,
Pélago que no fundo não tem,
Cofre denominado por alguém: Amor.
Que entendo eu disso se tanto duvidei,
De quem consentiu que eu pudesse amar,
Será que posso dizer que tanto amei,
Se sinto um peso por não acreditar?
Porque ao mundo as costas eu voltei,
Não mais ao mundo as costas voltar.

II

Dentro de uns olhos vagos eu penetrei,
E não vi tocha alguma reluzindo.
Bem meus ouvidos na voz concentrei,
E vagueei sonhando, mas não ouvindo.
Quem pode solucionar de outros problema,
Não é ferida um problema antes a chaga,
Que espera a cura milagrosa. E o tema,
Persiste mas nunca uma alma afaga.
Vês luzir ao longe o Sol e a Lua,
Podes lançar questões aos sábios astros,
E pensar que: “a vida continua”,
Colam-se à alma como os sete emplastros.
Como posso dizer o melhor para ti,
Se sinto que em vida eu nada vivi?


III

Colhe a flor antes que mirre ou morra,
Acaricia uma árvore que sente,
Germina em ti que em vida tens desforra,
De um Amor maior que em nada te prende.
Ouve enquanto podes ele claro ouvir,
Vê enquanto podes nele tudo ver,
Vê que sonhos são aves a fugir,
Ou rio que no mar alto se vem estender.
Mas não sigas conselhos de quem declina,
Pois ninguém nasceu para inclinar a fronte,
Como insultar a pobre Medicina,
Fixando sempre os olhos no horizonte.
E ter mais do que tens para quê, queixoso,
Se o querer ter furta o teu ser vigoroso?

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