Saudade Tricolor
Outubro 21, 2011
Ficou-me o que podia ser mas nunca foi,
E sei que acordarei com a imagem dum rosto,
Da saudade dolorosa que preferia não sentir
E amá-la sem vê-la é o meu maior desgosto.
Convida-me a ser vento, pó, cinza, tristeza
A entrar numa caverna, a mais escura que houver
Pergunto-me se o poeta tem esta natureza
Viver em agonia, longe do que quer.
Afinal, eu não escolhi ser poeta que não sou
Sou mais aquele curso de águas num canal,
Onde o mundo me suja, cospe, me maltrata
É no seio do bem que nasce um grande mal.
Há tanta, tanta gente que sofre em segredo,
Imprimem dor feroz em música e papel,
Eu quero ler os versos de quem sofre e sente
Dançar para sair deste louco carrossel.
Queria deitar fora, a saudade opressora
Lançar às águas turvas, imundas de tédio
Por onde vagueei ao luar livre e feliz
Que doença ser poeta, sem cura, sem remédio…