O mau Hu(a)mor do Céu
Maio 25, 2009
Que céu mal humorado, insípido, cinzento!
Contei-lhe uma piada e nem sequer se riu,
Nem sequer revelei sombra nem pensamento,
Nem sorriso esboçado, nem sequer me ouviu.
Contei-lhe que meu filho começara a andar
Um passo, dois e três, e o quarto veio depois,
A minha mão não quis, que se aprontava a dar
Do sol nada viera, nem um raio nem dois.
Ó deus da Poesia, ó Febo que te afogas,
Languidamente à tarde, no cerúleo lar
Também tu duvidoso ao céu te interrogas,
Se na terra tens visto Jove a caminhar.
Conta a lenda quando o céu se envolve em bruma,
E sobre a terra espalha um denso nevoeiro,
É frívola paixão viciosa, que costuma
Dúvida a Juno dar sobre seu paradeiro.
Conta-se que um dia andava a bela Io,
Incauta passeando sobre um verde prado
Logo inflamou-se o deus pela filha do rio
Bordando o céu de nuvens, na cinza ocultado.
Da escuridão cerrada logo desconfia,
Sua esposa por ciúme, corre a procurá-lo
Por medo o deus transforma aquela que o enibria
Numa novilha branca pra justificá-lo.
Enfim, são mexericos, temas de conversa
Doces para tertúlias fúteis cor-de-rosa,
Onde a verdade fica escura, controversa
Sobre amorosos contos da gente famosa.