Soneto sobre a sensação
Maio 21, 2009
Cá dentro, a orquestra inteira desafina,
De ensaio o som me sai antes do início,
Que dissonância atroz, que sacrifício,
Cá dentro ouvir-me! Ó voz clara e divina,
Que todo o ser que canta em si encerra
O canto que nos faz surpreender,
Não faças, minha Musa, desaparecer
Mil cânticos que criam paz e guerra.
Nem sei se vivo um sonho, uma ilusão,
Ou se durmo, ou se vivo vagamente,
Sombra esvaída em sangue ao fim da tarde,
Mas sei que ando atrelado à sensação
Como se fosse um lago transparente
Que vê-se no meu fundo um fogo que arde.