Meus versos
Abril 17, 2009
Meus versos delicados vistos no porão
Do navio errante que navega em alto mar,
Dum mar interior revolto em confusão,
São dias de ouro puro e noites de luar
Meus versos destemidos, claros, coloridos,
São nuvens vagarosas sob um céu violeta
trocados não serão, nem dados por vendidos
São esboços no papel feitos com tinta preta.
Meus versos sumptuosos, rotos, andrajosos
Pairam sobre mim, gaivotas em espirais,
São frases glaciais, são ditos calorosos,
Soam-me à confusão dos jogos digitais.
Meus versos que parecem olhos que adormecem
Olhos que parecem estrelas cintilantes
Versos que aparecem, logo desaparecem
São pérolas no mar, na terra diamantes.
Meus versos de madeira, avivam a fogueira
Incêndio que deflagra bem dentro de mim,
São fraudes e falências na alma verdadeira
Sombras que me levam de mão dada ao fim.
Meus versos de oxigénio, carbono, hidrogénio
Feitos de plutónio, urânio empobrecido
Mesmo que não seja cá na terra um génio,
Fazem-me, com pouco, um bem andar perdido.
Meus versos saborosos, doces, amorosos
Exalações profundas com hálito a fel,
Meus filhos abstractos, filhos rancorosos
Andam comigo alegres neste carrossel.
Meus versos que amontoo e me lanço num voo
Que me criam enjoos, náuseas e tonturas
Não sei a que me soam ou ao que me soo,
Mimam-me de afectos, beijos e ternuras.
Meus versos de vaidade gritam liberdade
Invadem a cidade em manifestação
São milhares de vozes contra alguns algozes
Gritam contra alguém sem alma e coração.
Meus versos sensuais, rugosos, musicais,
Feitos com doçura ao som de sinfonias
Sonatas e sonetos de almas imortais,
Que ecoam a loucura e me alegram os dias