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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Meus versos

Abril 17, 2009

Meus versos delicados vistos no porão

Do  navio errante que navega em alto mar,

Dum mar interior revolto em confusão,

São dias de ouro puro e noites de luar

 

Meus versos destemidos, claros, coloridos,

São nuvens vagarosas sob um céu violeta

trocados não serão, nem dados por vendidos

São esboços no papel feitos com tinta preta.

 

Meus versos sumptuosos, rotos, andrajosos

Pairam sobre mim, gaivotas em espirais,

São frases glaciais, são ditos calorosos,

Soam-me à confusão dos jogos digitais.

 

Meus versos que parecem olhos que adormecem

Olhos que parecem estrelas cintilantes

Versos que aparecem, logo desaparecem

São pérolas no mar, na terra diamantes.

 

Meus versos de madeira, avivam a fogueira

Incêndio que deflagra bem dentro de mim,

São fraudes e falências na alma verdadeira

Sombras que me levam de mão dada ao fim.

 

Meus versos de oxigénio, carbono, hidrogénio

Feitos de plutónio, urânio empobrecido

Mesmo que não seja cá na terra um génio,

Fazem-me, com pouco, um bem andar perdido.

 

Meus versos saborosos, doces, amorosos

Exalações profundas com hálito a fel,

Meus filhos abstractos, filhos rancorosos

Andam comigo alegres neste carrossel.

 

Meus versos que amontoo e me lanço num voo

Que me criam enjoos, náuseas e tonturas

Não sei a que me soam ou ao que me soo,

Mimam-me de afectos, beijos e ternuras.

 

Meus versos de vaidade gritam liberdade

Invadem a cidade em manifestação

São milhares de vozes contra alguns algozes

Gritam contra alguém sem alma e coração.

 

Meus versos sensuais, rugosos, musicais,

Feitos com doçura ao som de sinfonias

Sonatas e sonetos de almas imortais,

Que ecoam a loucura e me alegram os dias

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