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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Renascer

Março 30, 2009

Basta parar, erguer os olhos, ver à volta,

Quem somos, por um pouco, ver o que fazemos,

Ouvir um gotejar benigno que anda à solta,

Caindo gota a gota na taça em que bebemos.

 

Basta me aperceber que aquela árvore nua,

Era banal mulher sem ter lábios pintados,

Já não filtrava o sol, nem sombra dava à rua

Que agora veste o verde vivo e tons dourados.

 

Basta me aperceber que num rosto há miséria,

E nas palmas das mãos há linhas tão confusas,

Quem sabe se no corpo há uma alma funérea

Se usa flores de Vénus, cobras de Medusas.

 

Basta me olhar ao espelho pra não querer ver-me,

Que lento o tempo exacto marcha no meu rosto

E remexer na terra e ver-me um bicho inerme

Ou não seguir o rasto que leva ao desgosto.

 

Basta seguir na noite um ponto luminoso,

Andar sobre o tapete que a Lua me estende

Bastou-me ser sinistro, apático, ocioso

Para saber que existe alguém que nos entende.

4 comentários

  • Imagem de perfil

    António Só 30.03.2009

    Havia qualquer coisa que me dizia que era a Vera.
    Bem, pelo menos não me enganei.
    Sobre o poema, fico contente identificar-se com ele. Às vezes chego a sentir-me realmente abençoado por apreciar as coisas que considero, para mim, serem belas, não julgando quem as não aprecia.

    daí o poema. surgiu assim...

    Abraço enorme

    Antonio
  • Imagem de perfil

    Simbologia do aMoR 31.03.2009

    Olá António
    E continuo dizendo obrigada pelos poemas.
    Sabes que não é a primeira vez que isto acontece, pois até já ganhei um prêmio pelo poema »Sou quem Sou» inspirado no teu poema »Máscaras do Amor».
    Continuo sempre a lê-lo, exatamente porque identifico-me muito com eles.

    Um abraço.
  • Imagem de perfil

    António Só 31.03.2009

    Obrigado, Vera:

    Nunca me queixei do tempo porque sabia que queixar-me seria inútil. Sempre soube onde empregá-lo. Mas ultimamente tem sido difícil estar um bocadinho no meu mundo. Mas de vez em quando lá vou espreitá-la.

    Abraço enorme
    António
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