«Dorme, meu filho!»
Março 16, 2009
Quão doce contemplar meu belo filho,
Deitado num embalo de doçura,
Completamente fixo, um astro, um brilho
Na escuridão que paira em mim, que dura
Suave como um lenço a desprender-se
Caindo numa calma em queda de água
Sentindo à sua alma a minha render-se
Tornando-se vapor dúvida e mágoa.
Vejo seus frágeis dedos encolhidos
Move-se a mão pequena vagarosa,
Nas pálpebras os olhos recolhidos
Na timidez de imaculada rosa
Tão leve como o voo da gaivota,
Volvendo os ares cheios de ruídos
Depois da noite de alta risota
Polindo baço espelho dos sentidos.
Incrível como move-me a atenção,
como um farol no meio do oceano
Lançando sempre um nítido clarão
A ver se no seu sono existe dano,
Como se caminhasse nos nenúfares
Que lá meu filho planta ao rir-se eu ando
Tão leve nos sentidos, despertares
de quem andou no céu astros traçando
Melhora-me, tão certo como andar,
Na terra, como envolto por fascínio
Num sonho passageiro de luar,
Ou assistir do sol o seu declínio,
Meu filho tão pequeno é benfeitor,
Guia-me, no teu vento, na tua asa
De achar-me nesse trilho, nesse amor
De achar-me no conforto em nossa casa.
Que homem serás? Caio na expectativa,
Seres melhor que o pai que muito te ama,
E que mulher terás, na tentativa,
De achares-te novamente mas na lama,
Ou não! Quem sabe disto, nada sabe,
É como não saber de poesia,
Do verdadeiro amor que em verso cabe,
Mas que meu filho em vida desconfia