Bebendo música
Março 04, 2009
Envolvo-me num sonho imaculado,
De céus tão azulados de cetim,
Como se fosse só de flores,
Um paraíso cá nunca encontrado,
Sem ter início, meio e, claro, um fim
Vendo-me livre de leves labores.
Embrenho-me na música elevada
Criada pelas mãos da natureza,
Com toques de água, terra, ar e fogo,
Nas faces, tenho a cor da aurora alada
De tons dos seios róseos, na pureza
No mar que agora sinto e nele afogo.
Recolho do céu estrelas, do céus ventos,
Para escrever os versos com que dito,
Quando num vale escuro nos deitamos,
Se alguém saborear meus pensamentos,
É porque também tem no peito escrito
Frase que nunca na vida ensaiamos.
Relato à Vida torpe, à vida ingrata,
Tão plena de vaidade e de mistério,
Como a dama fatal que acolá vai,
Eu escrevo sem pensar, algo desata,
Que muito me ata e prende meu império
Dos meus sentidos, que a alma o corpo trai.
Escrevo sem que parar queira e vejo,
Quanto passaram mais cinco minutos,
Depois que ouvi a música tão bela,
Escrevo sem que a glória seja ensejo
Depois que li meus versos diminutos
Que agora apago como apago a vela