Quantas vezes?
Fevereiro 25, 2009
Já quantas vezes, minha amada, nos perdemos,
Entrelaçando mãos, bebendo juntos choros
Sofregamente, quantas vezes nos perdemos
E nos olhámos de diferentes miradouros,
Os dedilhados mornos que te enlouqueceram,
No doce entardecer, quando mostrava calma
E os lábios que beijaram em ti e se perderam
Por onde deleitosa andava a minha alma.
E os versos que escrevera enquanto adormecias,
Na cama com lençóis molhados de luar,
Fantásticos ardores, onde mais querias
Que fosses a rainha do meu despertar?
Quantas vezes te disse amar-te sem papel,
E tu te apercebesses como por ti reclamo,
Untei minhas palavras no fulvo e espesso mel
Usando nome amor, nome por quem te chamo.
Confesso ter secado o seio à inspiração,
Deixá-lo é meu receio, um acto de loucura
Além da minha língua, a de meu coração
é onde encontrarás enleios de ternura