Sobre o amor entregue à pessoa errada
Janeiro 15, 2009
Não é em vão que entregas,
O amor por ti criado
como tuas flores que regas
No Verão tão abafado,
A outra alma disfarçada,
Ocultada por disfarce
Quis-te ter por bem amada
Um demónio a revelar-se.
Não é em vão que exibes,
Teu palácio amoroso
Não é em vão que inibes
Lado negro rancoroso.
Mil palavras lhe lançaste,
Mas num pântano, no lodo
Também nele te afundaste
De mau grado, de mau modo.
Bateu asas, o vampiro
Saciado de alimento
Seco, folha de papiro
Gelado de pensamento,
Caminhaste pela sombra,
De árvores envelhecidas
Encostada na penumbra
Ao lado de almas perdidas.
Mas não foi em vão beldade,
Lá no fundo se sabia
Que no amor é crueldade
Querer quem não nos queria
Pela força, nunca se ama,
Não era amor, não era nada
Quem nos ama, tem estima
Sente-se a alma aliviada.