Uma sonata
Janeiro 12, 2009
Chega a vez de entrar dentro da escura sala.
Acena-me brilhante um piano negro e nobre,
Grita-me” é a tua vez” ao longe, alguém se cala
A luz que me ilumina é a luz que alguém encobre.
Chega a vez de tocar minha alma de improviso,
Num lúgubre andamento, da pauta, a melodia
É uma voz que ganha um lugar no paraíso,
É uma voz que treme à clara luz do dia.
Um séquito de acordes, melódico aspecto,
Vencendo, claramente, os nervos que estiolam
Um vento invoca o Inverno, sopra, vem directo
Grita-me volúpias, prazeres que me assolam
Na musical contenda, a escada ao paraíso
Cercada pelos astros, surge por encanto
Surge como um clarão, nasce como um narciso
Num rio de palavras das águas do meu canto.
Um dia sem retorno, uma hora sem começo
Pálpebra da noite, cai lentamente e traz
O tumulto do dia que lúcido esqueço
Que a noite vem serena dar-me guerra e paz.