Poema interrompido
Janeiro 09, 2009
Distante do mar, tão longe de vê-lo,
Quero envaidecê-lo com versos salgados,
Subindo nas ondas do mar de querê-lo,
Vou enaltecê-lo com versos deitados,
Na duna, na areia tão fina, tão branca,
Na espuma, na onda, na vaga, na brisa
Suave, macia, no sol que me arranca
A praia que escrevo, a mão que me alisa.
Distante da terra, do monte, da serra
Sou torre que encerra meu alto segredo
Meu próprio degredo, minha ânsia voraz,
Que nada me traz nem paz, logo bem cedo,
Sou lira, e as cordas que sinto vibrar
Leves melodias, é um manto de penas
Num lençol apenas de azul e cetim,
São flores carmim, beijam minha pele,
Que alegre me impele andar longe do fim
Um límpido lago de estrelas e luas,
Na sombra flutuas, encanto de mago
Deslizas, afagas, soltas os cabelos
Sedosos e belos, que molhas, que afago
Nas cálidas águas, nas folhas de Outono,
Respiras no sono perfumes de flores
Lindas, vaporosas, crescendo do nada,
És linda banhada com púrpuras cores.
Distante das nuvens formando castelos,
Deslizam novelos de versos molhados,
Que são inspirados nas horas de vício,
Num longo suplício de vê-los cortados
Num lugar distante sempre onde não estou
Não sei quem eu sou, nem sei o que faço
Sou sombra, palácio, um abrigo de cor,
Onde meu amor divaga no espaço.