Ressonância Magnética
Julho 26, 2021
Queria que houvesse um terminal
só para a locomotiva da tristeza
onde saísse assim que desejasse
longe da composição solitária
não consigo ser finitamente triste
esbarro nos muros impalpáveis
faço birra por vezes com o tempo impuro
chamando um táxi ao desconhecido
Avançando a tristeza passa-me à frente
apetecia-me dizer-lhe: “olhe, desculpe,
“minha senhora, eu cheguei primeiro”
e civilizadamente me respeitasse
tudo é pão no forno quando toca
a fermentação das tristezas insondáveis há
nesse jogo da cabra cega
uma cabra longe de estar cega
a tristeza do Álvaro não era fingida
antigamente não diagnosticavam maleitas
hoje cada poema é uma ressonância
magnética onde nada se detecta
outra trotineta deitada ao chão
pareço eu quando sinto que maldizem
do que faço ou sinto, do que sei ou não sei
pista de obstáculos na vacuidade
hoje andamos com a cátedra no bolso
pequeno toque tique high tech
chamam-me do lado de fora, da realidade
ficaria mais tempo se pudesse.
estou de novo triste