O combatente
Outubro 25, 2019
Na verde Bucovina que amo tanto
um idoso abordou-me como o sol
e saudou-me.
trazia nos olhos os horrores da guerra
apertando-me vigorosamente a mão
como só os poetas o fazem entre si
não se conteve.
e sobre o enrugado rosto
rolaram-lhe vítreas as lágrimas em mim
contou-me, trémulo (tremia tanto)
que combatera na dura guerra
contra o reino da Morte
pelo reino da Vida.
queixava-se que nunca ergueram
um monumento, uma memória viva
e que pagou ele tudo
honrando os seus amigos
eu era um ponto minúsculo
ele era uma miríade de estrelas
eu era um inútil mosquito
ele era um imenso continente
estará vivo?
estará vivo?
assim me bate
o coração.