Avaliação
Outubro 15, 2018
Uns tentam mostrar-me o fascínio da vida
com fotos de iguarias, praias e lugares
mas fascina-me mais a morte divina
nos subúrbios obscuros dos eternos vagares
que roupas usarei na imensa eternidade
haverá trânsito nas manhãs de cinza e chuva
desperdício viver em função da verdade
quando a verdade está na boca desta turba
desistam converter-me à religião do nada
que acham a poesia um incómodo, um mito
ó versos encolhidos escritos à chegada
de uma erupção qualquer, sonoros como gritos
li tantos livros quantas gotas na janela
músicas várias quantas folhas deste plátano
masquei pastilhas de ócio numa caravela
num mar desconhecido, fúnebre e maléfico
que vontade comer fatias de melão
e sentir o sumo escorrer-me pelo queixo!
ó avaliadores da vida, cheios de sucesso
levarem-me, ridículos, meu coração não deixo