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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

O duende

Outubro 20, 2017

Muitas vezes dou por mim a olhar o vazio

como um filme épico assistisse no vácuo

de súbito um duende esverdeado e doentio

vestiu-se de tédio e tornou-se-me obstáculo

 

esta permanente quietude até a Morte

inveja como a carne e osso que nos quer

tia da família, que nos escolhe à sorte

o próximo a ir com ela por puro prazer

 

duende, que nos sonhos vestes cor da febre

que me inundas o rosto de sal e suor

tomemos um vinho à tua saúde à minha

 

porque desconheces o vulcânico amor

na alegria te espantas, foges como a lebre

como se a vida fosse um arrepio na espinha

Inspiração

Outubro 20, 2017

As nossas bocas frescas, frutos proibidos
fundidas em minutos feitos em segundos
entre esponjosos sons de líquidos ruídos
desfalecendo juntos como moribundos

nessa artística eloquência crónica e antiga
como passar o tempo a olhar corpos desnudos
entre pinturas frescas, seios, perna e liga
entre abertos corpetes de pele e veludo

essa tua imensa boca doce como um fruto
colhido ao meu cuidado de baralho e dedos
da fome cavernosa, como homem de gruta
cisne que desliza no lago dos teus medos

cansei-me, o que me espera sem saber porquê
do bikini cinzento aos braços que me abriam
portas ao erotismo que murmuram 'vês'
de vulva, de vagina, que me entonteciam

aberto ao meio eu sinto a vida a abandonar-me
suspiro derradeiro, António moribundo
a falta que me faz o adeus a rechaçar-me 
talvez eu não pertença mais a este mundo

Quando nos sangra o coração

Outubro 12, 2017

Poderei um dia dar-te a mão

à chuva, na lama, no paraíso

na haste do narciso indeciso

onde me atiro em vão sem querer

entre o querer e

não poder

 

Poderei um dia inventar-te um deus

verdadeiro, que aparecesse de vez

entre as nuvens e que a todos nos falasse

e nos salvasse

desta nossa mesquinhez

 

Os jornais mentem diariamente

e são diários. Há quem consuma
mais do que pode a pobre mente

sádicos e curiosos são da mesma turma

que da nossa pobre e boa gente

as vidas vazias e sonhos fuma


Podia dar-te o meu afia

com que se afia o estro e dar

poemas malditos que mais esperas

e desesperas nos teus dias

que fosse um eco no infinito

o amor em verso no ar proscrito

 

Se houvesse um deus, eu lhe daria

da terra ao céu a direcção

e a indicação da poesia

quando nos sangra o coração

A mulher

Outubro 06, 2017

Esse jogo sensível de mikado que é tocar

nesse sensibilíssimo seio de mulher

erro do homem querer o caos organizar

quando o caos não sabe bem o que quer

 

contradição, pois que em volta de si faz

a harmonia com mãos mágicas suaves

desarma ódios e a ira masculina desfaz

com meiguice no olhar e piar doce das aves

 

ilhas de paraísos rodeadas de fúria azul

marítimas, flores perseguidas por vermes,

dolentes, aos ventos ousados do sul

 

gavetas fundas para inúteis parasitas

lar de idosos para vigorosos germes

assim a mão me acenas, e alma me agitas

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