cada segundo...
Setembro 22, 2017
lembra-te: que os teus dias sejam despedidas.
as horas triviais eternas, gozos infindos
a Morte, diariamente, tira-nos as medidas
modista nas esquinas, poética, sorrindo
espera-nos a derrota, inevitável de evitá-la
retê-la nos dias de ecos no infinito
é inútil, nada podemos, tenta enganá-la
só contra o Homem somos donos do destino
na caça insaciável, leoa a arreganhar-nos
mandíbulas terríveis, sem boca, incorpórea
escondida num covil, no sótão, no armário
ignoremos-lhe os crimes cometidos na História
o chá bebido, o prato, o vinho, o retinir
de copos, cada folha, tronco ou gota de água
cada sorriso, o riso, a lágrima, o dirimir
da dor mortal sabermos dessa eterna mágoa
a tua mão caber na minha, o agasalhar-te
ainda, ouvir-te a voz angélica, teu sorriso
lembrando planícies amplas iluminadas
é um sol nascido puro a oeste do paraíso