Desfigurações
Abril 20, 2017
rugoso estro, áspero, resignado
o peso na cabeça dia a dia
palavra prateada fugidia
a sete chaves coração trancado
na boca o fel de vinho azedado
peito enrugado, sem asas de poesia
vaga memória de quando me ardia
confusa mente, o corpo amarrotado
sinto-me assim, suspenso pela grua
da vida, que a noite se me afigura
um gesto descortês, pouco habitual
de um verso oferecido pela lua
a erguer-se ao longe tímida insegura
que vem beijar-me a boca tão sem sal