Uma nesga de mar no teu decote
Um pórtico, um altar a Artemisa
Uma liça de lençóis nesta noite
Um pôr em prática versos de Ovídio,
Uma luz de halogéneo em mim revolto
Em espuma granjeada na volúpia
Um segredo revelado no mistério
Envolto em bruma quando estás vestida
Um dedo a mergulhar no fogo etéreo
O revirar dos olhos que intimida
A sombra a embrulhar-se sem remédio
No invólucro dos corpos que se avistam
Um fruto saboroso nos teus lábios
Teu peito, a revelar-se em duas rimas
Teu corpo de luar sobre Calábria
Que aperto estreito quando nos sentimos
Unidos, cúmplices no mesmo assalto
Roubamos tempo ao Tempo. Em fim, sorrimos.
Visto das nuvens, neste pássaro de aço
Que faz do mundo imenso uma pequena aldeia
O sol é um candeeiro aceso no espaço
E a Lua, uma luz de presença, prazenteira.
Numa cesta de verga pus leis, religiões
A fome, a doença, a guerra, a morte, a vida inútil
A Terra, azul vestida, arranca corações.
Das alturas, parecia absurda mulher fútil
Ó verme, tu que habitas a rosa vermelha
Que cresce no jardim à sombra do meu lar
Agora te compreendo, ambos somos iguais
Ó Homem, tu que habitas a rosa mais velha
Deste orbe azul terrestre, quando irás cessar
Tuas obras mesquinhas de vermes banais?
Invoco-te, também, Inverno inimigo
Das líquidas canções, do chapinhar constante
Do frio a enregelar-nos a alma sem abrigo
Dos baixos céus de cinza e vento agonizante,
De plátanos despidos, de árvores sem flor
Das tuas barbas brancas, noites ancestrais
E da aflição do poeta desmanchar em cor
O esquálido mundo com versos triviais.
Perséfone, eu te invoco do teu escuro trono
Mima esse obscuro deus que acolhe as almas mortas
Sombrio, em seu palácio, onde o Estígio banha
Ignora, pois o Verão inspira tédio e sono
Que mato com licor do deus das pernas tortas
Sentindo a vida inútil cada vez mais estranha
O sol já vai perdendo algum vigor, afrouxa.
Soberbo, esta manhã, como um pavão vaidoso
Debruçado nas nuvens exibia glorioso
Suas douradas penas, a uma nuvem roxa
Alegra-te, ó poeta, o Outono chegará
Que o estio inspira o ócio e o verso arrastado
Inocente prisioneiro ocioso, condenado
Que indubitavelmente o Tempo ignorará.
Invoco-te, Outono, tua melancolia
Teus redemoinhos doces, quando irados ventos
São hooligans à solta, como cães sem trela
Gemo por arrastar-me, engulo esta agonia
Não ouvir rugir a fera nos meus sentimentos
Fechados, divagando loucos numa cela
Escreve a tinta permanente, cravas pra sempre
Como esculpidas palavras num dorso granítico
Tuas memórias de lord. O tempo que lembre
A voz do teu amor com ouvidos de tísico
Regista algo só teu, é um bom exercício
Mesmo que estranho te soe “rosas de Marte”
Ou lírios, violetas, antúrios vindos de Júpiter
Esse pulsante absurdo em ti, é arte, é arte
Meus velhos manuscritos soam melodias
Dos cânticos boémios dos meus anos de ouro
Que o tempo vai trazendo pó e esquecimento
São sonatas, sonetos, longas sinfonias
Um X no invisível onde há um tesouro
Escondido por um deus doentio, avarento
Ela tem os olhos verdes, muito verdes, verdes, verdes
São florestas encantadas, sossegadas, bem cuidadas,
Os seus olhos tão brilhantes, coruscantes, cintilantes
São estrelas cá na terra, lá na serra, sem a guerra
Ela tem olhos aquosos, luminosos, lacrimosos
Nunca vi olhos tão verdes, como vales verdes raros
Cá na terra, sem a guerra, luminosos, lindos, claros
São esmeraldas de rainha; verdes vinhas tão verdinhas
Que prazer é contemplá-los, penetrá-los e cantá-los
Que de olhá-los flutuamos pelo ar e repousamos
Que desarmam quem se arma, sedutores, ditadores
De tão belos, só de vê-los, arrepiam-se os cabelos
São jardins da Babilónia, da Ausónia, de Versailles
Cuja verde cor dos olhos, nunca mais da mente sai
Tem uns olhos de bonança, de criança, de esperança
São os olhos que eu mais quero. Se perdê-los, desespero
Não há com quem falar de poesia
Só sobre a chuva, crise e futebol
Se um verso declamasse, alguém diria:
Que: “um louco há entre nós que se acha o Sol”
Brilho irisado no ventre dos copos
Balão de vidro, onde a água balança
O estilo açucarado que há nos corpos
De pérola incrustada na esperança.
Não há com quem falar de quase nada
Tombam o olhar, buscam o que não busco
Mundo em miniatura que me enfada
Um poema a suicidar-se, lusco fusco
Chamavam-me vampiro, Drácula, coveiro
A palidez mortal do rosto era doentia
Vestia-me de sombra negra, desordeiro
Escondia-me do sol. À noite, é que vivia.
A minha juventude foi de romantismo.
Para os que sabem bem o que isto significa
O amor revestia-se de puro misticismo
Eu era um alvo fácil para a dura crítica.
Os livros de olhos felinos me seduziam
Que abertos, ampliam espíritos fechados
Nas horas do tédio, os livros reduziam
Aquela amargura aos mais inadaptados.
Ergui meu El Dorado, papéis manuscritos
Jardins de metáforas floresciam no rosto
Era amante da Lua, rainha dos malditos
Seguidor da Beleza, o Sol era o desgosto
Poético era o sangue em fluxos irreais
Meus sonhos infundados não traziam lucro
Seguia, atentamente, os gatos nos beirais
Das janelas, que miavam: “Este, está maluco”
De amores, as mulheres, meu jardim calcaram
Os roseirais quebrados, lírios adoeciam
Unânimes, cruéis Erínias me assaltavam
Os nervos de violino, e cedo, enfim, partiam
A música era esposa, amante, a poesia
Amigos, eram anjos lúcidos no mundo
Sofriam ver-me triste, vago à luz do dia
Como se, inutilmente, fosse um vagabundo
Como campo em ruínas, selvagem, inculto
Ardia tudo à volta no meu coração
Fui Nero e própria Roma antiga onde fiz culto
Do fogo posto em mim, fui criminosa mão.
Ó poema agrilhoado, no alto da montanha
Sou Prometeu bicado pela águia de Zeus
Por mais que este castigo seja coisa estranha
Estes intempestivos anos foram meus
Há desejos ardentes que no peito habitam
De pronto reprimidos
Nas áreas interditas, que a sangue delimitam
Desejos proibidos.
Experimentem penetrar os olhos sonhadores
De homens e mulheres
Na tumba glacial do peito, reveladores
De esqueléticos prazeres.
Debaixo do colchão da alma há imundície
É o sono da Beleza
Esperando beijo ardente onde ninguém visse
O dom da Natureza.
Maior das ironias está em quem proíbe
Que julga o pecador
Mas trinca mais maçãs, tão podre, tudo inibe
De infâncias, roubador.
Ó coração inquieto, cemitério hediondo
De íntimos impulsos
No fogo, a interdição, é lenha que vai pondo
Nos peitos convulsos
Vives na prisão, és uma inútil jaula
Onde a fera dorme
Meu coração felino, és tigre de Bengala
Se tens fome, come
Bebi um copo de água
Cantei a minha vida
Era fresca como a mágoa
refresquei a despedida,
Bebi num golo forte
Repentino, promissor
Como o beijo da morte
Nosso único professor
Bebi embriagado
E fiz da água vinho
Bebi crucificado
Licor do meu destino
Bebi como estivesse
Às portas dum deserto
E o sol me prometesse
Ficar nele encoberto
Bebi fonte da vida
Ao calor do meu querer
Minha alma é conhecida
Por querer e não poder
Bebi um sonho fresco
Dum poema decorado
Sem grau de parentesco
Com Deus e co’ o Diabo
Bebi como do seio
Materno, o sacro leite
Sem entrave, sem receio
Nem leito onde me deite
Bebi, não dei por nada
Sonolento, acordei
Era sonho, a madrugada
Era noite... e despertei
Tenho a tristeza da pedra inerte
Esperando ser apanhada por uma criança,
Para atirar-me ao rio por culpa do destino
E da natureza verde que o rodeia
Raios de sol no vitral dos seus olhos.
Tenho mais ânsias que sonhos. Não tenho
No meu currículo medalhas de ouro
Em que tenha sido vencedor num momento
Que provoquei riso e se riram de mim.
Rubro, meu sangue, desaguará no mar
E as deusas não criarão anémonas
Em minha honra. Acolho-me
Nesta redoma de vidro inquebrantável
Lugar vazio de música, cor e palavras
Sem silêncio meditativo,
Sem lembrança degenerativa,
E vou apagando no caminho o rastro deixado
Incapaz de ser o que fui
Fugindo de mim…
Continua, continua, a cicatriz é o tempo
Avistarás terra segura no tumulto azul
Robinson Crusoe dos tempos modernos
Náufrago na espuma branca efervescente
Sátiro de si próprio, político de si mesmo
Mas enquanto não encontro o que procuro
Enquanto sou horizonte inalcançável
Oiço rachar troncos de carvalho no coração
E sou luz de candeeiro aceso na noite
Como o céu nocturno se esquecera
De apagar a Lua…
Fala como tivesse um revólver apontado
À cabeça, contraditória ao que pensa
As notícias cravam adagas, e esfaqueado
O espectador digere sua dor intensa.
E como um colibri que vai de flor em flor
Com milhões de asas seu voo sustenta
A gravidade da notícia tem a cor,
Que vai rapidamente do oito ao oitenta.
O sorriso do pivô, sai da roda da sorte
Mesmo que o mundo acabe amanhã há que sorrir
Um coração idoso, não há quem conforte
Um Judas a ser solto à gargalhada, a rir
Não importa se levou Jesus à sua Morte
Importa ter plateia exausta a assistir
Porque este mundo agarra-se à beleza
Com unhas de ouro e olhos embaciados
E vive a desprezar a natureza
Que há-de engolir-nos como rebuçados
Cuspidos pelas bocas dos tornados
Sabemos a mirtilo, a framboesa
Quem disse que vivemos condenados
É porque vê esperança na tristeza.
As más notícias rasgam horas nobres:
Os ricos estão mais ricos, enriquecem
À custa dos mais pobres bem mais pobres
Ao que parece há vida noutra Terra
Cientistas andam doidos. Mas esquecem
As vidas que se perdem nesta guerra
Mau hábito fingirmos alegrias
Que trave o impetuoso e imenso mar
De mágoas e corais de agonias
Que impedem nossas almas sossegar.
Mau hábito outonal de suspirar
Se o ar glacial vem da boca do inverno
Leva-me aos píncaros de me embalar
Nas mãos do fogo lúrido do Averno,
Ó torpe humanidade, andas perdida
Guiada por um mal que não se vê
Ó humana condição em vão esquecida
Comes do matadouro da TV
O cio do ódio, besta desta vida
Que tem sede de sangue sem porquê
Abstraído dos hábitos comuns dos humanos
Agarro-me, insolente, às folhas de papel
Como batendo aflito à porta dos enganos
Ou plantar rara flor num íntimo vergel.
Lancei, como uma flecha, o olhar no infinito
Tentando imaginar a solidão eterna
No pânico poético, escuto um eco, um grito
No vale a propagar-se, a ver quem lá governa
Meus olhos extraiam sulfúreos minérios
Calcando luxuosos sonhos que inventei
Terei, nessa dormência eterna, refrigérios
Para justificar na vida o que ganhei?
Sem cães de três cabeças ou falsas harpias
Que enfraqueciam mentes dementes de heróis
Pintei, na tela negra, brancas cortesias
De anjos e demónios debaixo dos lençóis.
Suspenso no varão do Tempo indefinido
Num dédalo mental que o tempo ao homem dá
Vazio, vácuo de cinza, um nada me encobrira
como enterrar verdades cruas co’ uma pá.
Espessa névoa de púrpura, um sol sisudo
Praias de areia azul, o céu ensanguentado
E os corpos celestes flexíveis neste estudo
Iam em rebanho pela Lua liderado.
Como se me chamasse a voz do promontório
A estranha tentação de em voo me atirar
Subiu-me rubro sangue ao rosto, foi notório
Minha metamorfose: era ave, a voar, a voar…
O solo diminuía, ao sol me dirigia
Como se abalroasse miríades de estrelas
Voltava a ressurgir, coragem me influía
Para atingir os céus, passar suas sentinelas
Tirar a história a limpo do Éden promissor
Depois que somos sonhos no espaço, à deriva
Se interdito jardim, berço do imenso amor
Havia ou existia lá uma alma viva.
Mas não. E retornei de pronto ao meu papel,
Ao lado repousava a pena dessa dor
De ver que o real travara ímpeto de Babel
Em línguas várias ver o imaginário em cor
Não trocaria nunca a mãe por um país
Só quando era petiz, rebelde, a enervava
Era criança adversa, o sol me melindrava
Não trocaria nunca a mãe para ser feliz,
Tu, Afonso adverso, tinhas por brinquedos
Soldados, aríetes, arcos, lanças, espadas
Tinhas por passatempo lançar as escadas
E tomavas castelos, à noite, em segredo.
Custa-me a crer que tirânicos ditadores
Fazem deste amplo mundo um pátio de recreio
Sendo vermelho sangue a cor preferida
Custa-me a imaginar magnos conquistadores
Rebentos a sugar de suas mães o seio
Ser vida a rebentar, para ser anti vida
Calor nocivo às rosas e lírios do peito.
Lá fora, incendiário, o sol é uma fornalha
O tédio, fiandeiro inquieto tece um leito
Para entoar ruidosos cânticos de gralha.
Pesado, entontecido, mole, entorpecido
Arrasto meu pensar à sombra do que sou
Perguntam-me o que tenho: “nada, aborrecido.”
Foi obra do destino que me condenou.
São grilhões invisíveis postos no querer
Na vontade, indigente, na esteira do vento
À procura de versos capazes de fazer
Tremer a Terra inteira com um sentimento
Leitor, tu peregrino nas redes sociais,
Que procuras prazeres fúteis e mesquinhos
Passa, não digas nada, pois que são mortais
As cantigas do tédio, gritadas por vinhos.
Pois este poema seco é um poço abandonado
Onde não matarás tua sede insaciável
Caligrafia torta, poema rasurado
Escrito pelas mãos dum poeta insuportável.
Haverão de inventar a cura deste tédio
Sou paciente à espera numa sala obscura
Do médico brilhante que traga remédio
Que vença esta doença que a liberdade cura
Ó tédio, cujo rosto ignóbil se afigura
Um sol oculto pela névoa incendiária
Escrever é meu repúdio, moeda na ranhura
Da máquina da vida, inútil, tumultuária.
Tua língua infecunda de víbora insensível
Que sonda os espíritos audazes ao luar
Qual presa distraída num prado aprazível
Só o beijo da Morte te pode igualar.
Neste oco espaço inculto sou anónimo
“bom dia”, nada mais, passo discreto
Vivo a pensar que fui sempre o antónimo
Da vida, triste, sério, circunspecto
Meu queixo, sempre em direcção ao solo
Qual acólito fingindo escutar Deus
Sou corpo com minha alma a tiracolo
Por vezes, sou troiano entre os aqueus.
O tédio, essa praga de gafanhotos
Que arruínam os campos que cultivo
É que me isola de quem me entedia
Meus versos, nesta igreja, são arrotos
Esse ópio que me torna disruptivo
Que espanta a treva que me engole o dia
A Maria João de Sousa Brito
Quem nunca procurou a paz num vinho ardente
Com suas memórias ígneas, amadeiradas?
Procuro, não no vinho, mas em mim, demente
Uma alma sossegada entre almas transtornadas.
No sábado passado, azul raro, vibrante
No ferry boat seguia a esteira, alvos cavalos
Que a branca espuma faz o mar ser um espumante
Que bebemos festivos, aos pulos, aos saltos
Pura desilusão, confesso, pois buscava
Golfinhos saltitantes que há muito partiram
Em busca de sossego como eu procurava
Poemas cujos versos nunca se repetiam.
O sol na areia dava a impressão de sermos
Vulneráveis papéis que servem de alimento
Ao fogo, esse demónio à solta que metemos
Nas verdes florestas do nosso pensamento.
Aquela língua branca a desafiar o mar
Não era como os sonhos loucos dos humanos
Anseios vacilantes, no ar a latejar
E que nos guiam sempre ao ponto a que chegamos.
E eis (lá está) que chega a fome melancólica
Desse infindo desejo, fútil, impossível,
De sermos novamente jovens e, bucólica
Ser a paisagem verde, vinhas do possível.
De súbito, arrepio na espinha a expandir-se
Lembrei-me ser durável, ter que ter coragem
(Mas de volta ao real) era o meu filho a rir-se
Como água a extinguir o fogo da voragem
Como um poema longo, épico, interrompido
Fui perseguido pelas ânsias, mágoas, dúvidas
E remontava ao tempo desse grego Antigo
Que colocava freio a vidas compulsivas.
E de repente, Tróia, a amargurar-me o espírito
Ulisses de calções de banho, toalha aos ombros
Helena em bikini, águia de Zeus aos gritos
Essa bela cultura grega agora em escombros.
Deixava atrás de mim um rasto purpurino
De todas as lições de vida que aprendi
Porque sou um mistério raro, diamantino
Com o cruel destino sempre atrás de mim.
Às vezes olho as estrelas,
E penso que elas nos olham
Que esperam pela extinção
Dos Homens frágeis na terra.
Cintilam pela ganância
Futura humana desgraça
P'ra quando formos embora
Fazerem lares na terra
Serão majestosas rainhas
Será real como os Homens
Que quando forem embora
Virão reinar as estrelas.
São olhos na noite escura
Cintilam pela ansiedade
Dessa chuva celestial
O mais depressa possível
Mantendo viva esperança
Aguardam noites inteiras
À espera que o Homem caia
À espera da humana desgraça.
E porque o Homem não cai
Nem chega a ruína humana
Fogem quando chega o Sol
Que assim discursa para elas:
“Por mais que queiram a terra
Fazer dela vosso lar,
Digo-vos que nunca serão
A gente humana que amo
Não tendes em vós coração
Nem sofrem, apenas brilham
E o vosso brilho me é vão
Sou mais brilhante que vós.
Fugi para os vossos lugares
Suspensos no espaço eterno
Que eu brilho nessa esperança
Dos Homens serem melhores,
Mesmo que um dia me engane
Mesmo que um dia me acabe
A luz que vida germina
A humana vida que amo.”