Consolação
Novembro 12, 2012
Às vezes repouso deitado na cama,
Meus olhos resistem ao sono que vem
Deixo-me encantado à voz que murmura
Ao som da ternura que a noite tem.
Como rejeitando o céu sempre igual,
sou eu que o concebo, sou eu criador
Subjugo a vontade de ser na verdade
rei crucificado, santo, redentor.
E torna-se a mente meu céu outonal
Plantado de estrelas, orvalho celeste
Ergo neste mundo, melhor subterfúgio
Mágico refúgio, sombra de cipreste.
Meu peito refulge de mil devaneios
Explosões coloridas à vista do mar
fogos de artifício, lodos de suplício
deixo ir o meu corpo leve flutuar.
E meus pensamentos serenam, são ventos
que pousam serenos no dorso do ar
depois que se deu violenta procela
Na dura sequela das ondas do mar.
No quente aconchego, acende-se um fogo
Aquece-nos logo o corpo, a vontade
de sermos espírito, de criar matéria
Nos sonhos, cessando o real, a verdade.
e como um enxame de prósperas abelhas
que têm escritórios na doce alfazema
Chegam por impulsos as rosas vermelhas
são versos escritos à solta sem tema.
Pulam, saltitam, no meu coração
No inverno parecem as brasas que vejo
e acendem nos olhos brilhos de paixão
que me são selados com o lacre do beijo.
Por mais que na vida em vão me individe
Por mais que pareça que vivo a dormir
Por mais que me tirem este chão que piso
De mais não preciso que um sonho a sorrir.