Meu Doce Labirinto
Janeiro 25, 2012
A angústia vaga ter nascido erva daninha,
A tristeza de poeta repugna, é repelente
Olha e repara, tem um dedo que adivinha
é a vela que ilumina a noite noutra mente.
Meus olhos se afiguram às câmeras digitais,
Os gestos musicais são mel na minha boca,
Se conversam comigo não escuto as palavras
Mas os gestos, esses gestos são mãos que me tocam.
Ó música embaraço na mulher ainda virgem,
que desponta auroras no rosto virginal,
A nesga dum bom busto causa-me a vertigem
Na camisa entreaberta num corpo carnaval.
Imagens, mil imagens em redes sociais,
de frases e poemas, de nada e de cio,
"Levemos desta vida o que não é demais"
Que não se leva nada para esse vazio...
Imagens, mil imagens, fome de aparência,
Vaidade que nos prende os olhos por minutos
Meu coração, na crise, declarou falência
Por estes versos ocos soarem diminutos.
Como este poema, que soava bem no início,
tornou-se entusiasmo dum simples amador,
Crescente, esmaeceu, tornou-se meu suplício
eu que no frio gélido busco algum calor.
Ignoro que sentido a vida possa ter
Se a vida é a descoberta que não faz sentido
A vida é queda de água, de água a gorgolejar
Mergulho nesta água, lúcido e perdido.
Por isso a saudade, nó górdio que sufoca,
da infância que partira verde, irreversível
A Lua é uma lente que lúcida me foca
O meu rosto lunar que sonha o impossível.
há frases diárias, diurnas que nos sulcam
No rosto, abrem valas no coração de lama
Há seios que nos prendem o olhar, e educam
Maternos, uma voz suave que nos chama.
Diluo-me na cidade, perco-me de vista,
Sou eco de uma boca muda que não fala,
Notícia de jormal, sou capa de revista
Mas só no coração que nunca mais se cala.
Penso, penso tanto, obscuro labirinto
Sou dédalo mental, fui meu próprio arquitecto
Grito, e este grito inútil vai ser extinto
Na escuridão do vale do meu ser abjecto.
Sou peça de xadrez que falta na partida
Entre as duas irmãs gémeas siamesas
a excêntrica Loucura, a Razão introvertida
Praticamente iguais de opostas naturezas.