Sabe a morango, o toque suave, a gelatina
Melosa equilibrada pela mão que tem
O seio prometido da musa divina
Ditando húmidos versos que na mão derretem.
Comido como insecto por planta carnívora,
Sem língua, ou quente boca dentro da colmeia,
Devora-me, abraça-me, pica-me qual víbora
Enterra-me na tua praia de rósea areia.
Esse “V” de vitória é uma colina verde
Ponho a mochila às costas, faço-me ao caminho,
Chita veloz o tempo, o tempo que se perde
És meu sagrado templo, o meu sagrado vinho.
Pousa no chão o fardo um pouco, devagar,
As minhas mãos dissipam doridas tensões
E quando for para sul, tu irás naufragar,
Na ilha que criei, com árvores tentações.
Há grutas e cavernas, húmidas, exóticas
A areia é de brancura igual à linda Diana
Se ela vem masturbar-se ao ler histórias eróticas
Deixando de ser deusa para ser humana.
Vi-a tactear o seio, ao folhear meu livro,
De poemas proscritos guardados na gaveta,
E num lácteo murmúrio, disse-me ao ouvido
“Não pares de escrever. Virei ler-te, poeta”
“Pois que meu corpo gela à noite se sozinha
Caminho quando entorno o meu branco luar
Às vezes dou trabalho ao dedo que adivinha
Para tanger a lira e fazê-la vibrar.”
“Sinto o meu corpo frio às vezes em tumulto,
Todo o calor da terra não é o bastante
Escreve mais poeta que me soe a insulto,
Livra-te que meu seio não fique ofegante.”
Por isso amo a nudez dos corpos enredados
De ouvir filhos da noite amarem-se em segredo
Ouvi, belas donzelas, corpos encaixados
Dum prazer infinito que não mete medo.
Das curvas, dos contornos, dos ângulos estreitos
Dos mornos orifícios que têm muita luz
Dos sexos conjugados e sem preconceitos
As mágoas e tristeza a cinzas reduz.
Da firmeza do corpo à firmeza do sexo,
No sal a misturar-se na seda ou cetim
Da borboleta leve ao tornado complexo
Eu nunca hei-de escrever neste episódio FIM