Abertos braços choram, Beleza etérea,
Árvore abrindo os ramos secos, firmes
Cristais adormecidos volvem cores,
Diáfanos dum Sol me recolhendo.
Liberam-me sereias, brancos cirros,
Na minha mente longe do azul meigo,
Suave e brando, arroio fresco e puro,
Serpenteando vivo o verde vale.
Mostra-me, algoz do meu destino incerto
Onde me escondo, elevo ao que não penso
Transcende delicado verso vindo,
Da boca perfumada d’ ouro Invisível.
Percorre-me na sombra: almejo ver
Perdidas nas cidades minhas pérolas,
Líquidos olhos, brilho de poetas.
Seráfico rosto ascende porque é torpe,
Na humana via, atende a quem não pode,
Recolhe prantos, flores, sois nascentes,
De reluzente espelho, coruscante,
Qual estrela guia a forma do meu ser,
Dançando entre os espectros que não vejo,
À espera que desperte quando acordo,
O grito ouvindo da celeste Aurora.
Cândida, benevolente, um anjo,
Tem tua, Musa, a rara Natureza,
Raízes em ti crescem tão viçosas,
Quais limos verdes num mar tão profundo.
Meus olhos baços, carregando a vida,
Prostram-se ao viver segundo a ideia,
Que tudo acaba, enfim, e continua,
Nem verso, na proscrita melodia.
Acende-me a lanterna azul cá dentro,
Ergue-me um Templo em mim, onde eu me possa,
Marcar comigo encontro, na vontade,
De ver-me heróico, ter-me, amar-me... e olhar-me,
Preço não deve ter saber julgar-me,
Sentido o peso, a forma da minha alma,
Na oposta margem do que tanto inspira,
E florescendo em mil formas de vida,
Renasce brilho agudo do que sou...