Ilusão
Julho 19, 2007
Vermelhas rosas caiem no regaço,
Teu, macio delicado como neve,
Se envolve sobre a flor do meu abraço,
Teus olhos dizem-me: como se atreve?
Atrevo-me, mais ainda, a ousadia,
De quem a mim dizia
Pois sol não dura,
Nem para este meu estado tenho a cura.
Antes que ferozes, os teus olhos,
Brilhem mais que cem milhões de estrelas,
Repara como as flores, cores aos molhos,
São, quando olhadas, do amor, sentinelas,
E tens no corpo, a haste, o fiel gosto,
De alvo, lindo rosto,
E como cego em nosso,
Início. E agora adoro o teu pescoço.
As tuas lindas mãos são de criança,
No queixo, poisam delicadamente
Tocam as campainhas da esperança,
Que se ouvem tilintar dentro da mente.
Acende a serpente deste rastilho,
Dando ao céu nosso, brilho,
Desatam-se-me os nós,
Quando oiço o meigo tom da tua voz.
Traz só teu corpo, chega-me! É bastante,
Traz só ardor que vence a Morte, e a fera
Amansa, num cuidado de Tonante,
Sentado no mármore de nada à espera.
Traz só práticas doces de Afrodite,
E Tempo então que dite,
Quanto tempo dura,
Talvez seja esta a milagrosa cura.
Extensos campos verdes onde a vista,
Firmamento e Terra, separa e traz,
O caminhar suave da conquista,
Dum astro que a pique é feroz, mordaz,
E os raios tenros finos no cabelo,
Adornam rosto belo,
Teu que tanto brilho tem,
Iluminado o meu rosto também.
Deuses do céu, tornai longo este dia,
Nas pedras da memória, com cinzel,
Como ímpeto sagaz da poesia,
Traz versos com sabor do doce mel.
Deixem por momentos ser quem são
Bem sei ser ilusão,
Se a Musa a mim me esquece,
Volver de olhos de encanto desaparece.