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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Versos

Agosto 31, 2006

Fui deambulando por tão verde prado,
Neste repouso parei para ouvir,
As brandas águas dos rios a sorrir,
Como eu nunca me tinha mais lembrado.
De súbito ouvi gemidos dispersos,
Na intermitência exacta em sofrimento,
Emboscado no acto e num momento,
Vi corpos nus e, errando nos meus versos
Pensei que se a pena fosse o meu falo
E femininos corpos meu papel,
Talvez eu não bebesse amargo fel
E em papel, prazer fosse imputá-lo.
Quem na paisagem fica repousando,
Vai de abertura em abertura entrando.

Transe

Agosto 31, 2006

Rosto lívido como se a doença,
A visitasse e a definhasse numa cor,
Sinto a Morte quando na presença
sua, oscila entre o Ódio e o Amor.
Ao menor labial gesto, ascende
Um frio cortante qual afiado gume,
O que mais apoquenta e me transcende,
É saber qual é dela o seu costume.
Escorre-lhe da boca o sangue espesso
Vermelho, humano. Fatal existência,
Neste meu pensar nela adormeço
Da face, o beijo atroz, na iminência.
Quando a névoa dissipa eu esqueço,
Voltando à Terra, à vida, à imprudência.

Escombros

Agosto 31, 2006

No vasto fundo mar do meu profundo,
Na bruma íntima que me constrange,
No chão que morre o pobre moribundo,
Espera-me uma loba que o ser tange.
No amplo céu celeste, misterioso,
No meu mais vago e lânguido pensar,
Um melancólico estar desgostoso,
Invade o que eu tanto tento ampliar.
O que me acalma quando o sol desponta,
Eu próprio vasculho no horizonte,
Não tenho tido o que mantido, conta
Para onde quer que o meu dedo aponte.
Não sei onde a verdade que eu procuro,
Me enleva em território ermo e escuro.

Ecos

Agosto 31, 2006

Percorres gélidas grutas do ser,
Aquele frio de Morte que o ser percorre,
Mas pensa, amor, que só de Amor se morre,
Se a vida vale o valor do amanhecer.
Percorres ermos onde as flores mitigam,
Mirrando, a chuva imberbe, e assim crescendo,
Florindo o ser, vai desaparecendo
Os danos que do mundo nos desligam.
Se tens por minha companhia, eu digo
Que aos deuses peça o fogo e que te acenda
Tocha a tocha, pra que a luz te prenda
E assim sendo não outra luz mitigo.
Pondera quando teu grito soltares,
Porque sigo os gritos que libertares.

Lembranças

Agosto 31, 2006

Quando eu estava parado e adormecido,
Quais pedras dormindo na eternidade,
Olhei com a displicente vontade,
Sem que de olhar ficasse embevecido.
Tão doce e trémulo rosto, a andorinha
Passou tão breve e mansa sem dizer,
Palavra, olhar, gesto para oferecer
Pensei que saudosa paixão detinha.
Distante de uma lúrida paixão,
Contive águas de palavras ou gestos,
Pois vivo de saudades, de alguns restos,
E assim lancei-me na introspecção,
Porque mais jovem do que eu na frescura,
No seu olhar trazendo alva candura.

Lápide

Agosto 30, 2006

(Em memória de 'Johny Speed'...)

Lembro-me de um enrugado rosto,
Gerando compaixão que nos estiola,
Lágrima, um bálsamo que consola,
Que oculta à vista da gente é um gosto.
Lembro-me sua encarquilhada voz,
Alegre sem que alegria sentisse,
“Perdi-me!” num belo dia me disse,
ficando vagamente a olhar pra nós.
Nos ventos há um gosto atroz de morte,
Furtando-nos das mãos cinzas que sejam,
“Lembro-vos!” onde quer que vós estejam,
Canto o que ao espírito alivie e conforte.
E o tempo impiedoso passa, avança
Em passo certo e saudades nos lança.

Náufrago

Agosto 28, 2006

Se angústia não pode ser revelada,
Por ventos brandos, na chuva míuda,
quem, forasteiro ao frio, o salva e estuda,
Sem tocha ardente ou estrela bem amada?
Se ninguém pode esse ódio converter,
no amor hercúleo na voracidade,
De crer, então estou cego na verdade,
Vendo ao meu lado a minha flor crescer.
Limite que olhe pra outro horizonte,
Na acerba festa de outros tempos escuros,
Quem nunca pulou fora de altos muros?
Quem falsa história a tem, que nunca a conte.
Falar e ouvir seu eco sem resposta,
É partir sem esperar que dê à costa.

Fornalha

Agosto 25, 2006

Não sei que excitação me ocorre quando
contemplo ansioso as lúbricas paisagens;
São colossais desejos e as imagens
Desejos me inspiram. Nelas eu estando,
Rebolo em prados róseos que o apetite
Voraz se torna, e o estro entumecendo
Deixo de pensar no que eu vou dizendo,
Um fogo que me aqueça, e aquece e excite.
Mas como assim crescendo, uma semente
Eu hoje planto e amanhã verei
Se cresce e cresce e cresce continuamente
E imagens de Afrodite, eu jorrarei.
Não aguento estar assim de ti tão perto,
Se abrires a porta então estarei liberto.



Fragmento

Agosto 24, 2006

Enquanto eu vou ouvindo este piano,
Tão puro quando escorre água da fonte,
Curvo, insubmisso, a pesada fronte,
Semblante lívido me ocorre o dano;
De encravado estar entre estes dois mundos,
Tão desiguais à própria natureza,
Rouba-me alma, amor, rouba leveza,
Como os Triângulos de mares profundos.
Sem lamento ou queixume esta luz fusca,
Os membros me atordoam e eu não presto,
Criar à volta o viço; eu quase um resto,
As forças me escasseiam nesta busca.
Não busco ódios temperados com risos,
Porque em flores encontro alvos sorrisos.

Valor

Agosto 23, 2006

Contemplando o teu corpo adormecido,
Magnífico deitado alheio ao mundo,
Meu sorriso se torna mais fecundo,
E as horas passam em solidão retido.
Não ter rosas vermelhas e os espinhos,
Pra decorar com teu rosto perene,
Na mente que o Amor puro concerne,
Quando manchas brancos lençóis de linho.
Vou uivar em verso sem que alguém
Me alerte que o silêncio escuro entrou,
Que a luz de amanhã já acabou,
Saudando os rios de prata e mais ninguém.
Esperando sempre que a glória me chegue,
Terei no embuste imagem que aconchegue?



CCCXXVII

Agosto 21, 2006

Não vês que nunca os meus versos serão
Bebidos como os esvaziados copos?
Escalada íngreme sentar-me em topos!
Meus dias gloriosos não chegarão.
Eu quero, sim, viver a vida fútil,
Sem tropeçar em angústias de pensar,
Vivendo incauto como o imenso mar,
Pensando em vão que tudo é vão e inútil.
Saber que um Fado existe intermitente,
Qual claridade nas nuvens esmorece,
É ver quem numa festa comparece,
Escapando o que aviva a chama em mente.
Viver na luz, morrer quando escurece
Andar neste passeio infantilmente.

CCVII

Agosto 18, 2006

Vem ter comigo em lágrimas banhada,
De orvalho em folhas ondulando ao vento,
Aos funestos ventos acostumada,
Do meu pensar, da alma ou esquecimento.
Vem neste mar frio de púrpura cor
Mergulhar porque a noite não demora,
Trepar pelas pedras de mau humor,
Lançando o negro manto à mesma hora.
Pois tudo lanço nesse mar e deixo,
Entregar-me ao teu corpo em reboliço,
E à minha angústia as persianas fecho,
Embebedando-me no teu feitiço,
Esqueço o querer ser sobrenatural,
Porque sonhar com isso, faz-me mal.

Não existe desespero que pior...

Agosto 16, 2006

Não existe desespero que pior,
Trespassa esta nossa cabeça inteira,
Ó luz que ilumina, faz-me um favor,
Chamar, da dor atroz, gentil parteira.

Qual demónio saber sussurra e triste,
Mergulho lentamente num abismo,
Não sei se a esp'rança doce assim existe,
Da felicidade eu tenho estigmatismo.

Pensar no que fui e o que agora eu sou,
Não faz com que a santa se apresse, e pronto
Não tenho a mão gentil que em mim poisou,
Só quero pôr à dor um simples ponto.

É quase o silvo de fria serpente,
Roçando-me nas pernas calorosa
Meu instinto se torna inconsequente,
Por querer e querer ter vida venturosa.

O ar impuro o corpo (fogo) consome,
Vinho amargo; silêncio do veneno,
Tenho da dor extinguir a negra fome,
À frente dos altos muros eu estou pequeno.

Nunca fui Grande em nada nem já quero,
Reserva-se a queda como se certa,
fosse, qual sorriso da morte, e fero,
Esmorece o ser de alma ardente, incerta.

Passo pelas rosas novas e arbustos,
Sem guardar perfume doce e desigual,
Estou hospedado na mansão dos sustos,
Já nem distingo entre o Bem e o Mal.

Falar em esp'rança, funesta promessa
Não crendo em nada, quem me dera crer,
Mesmo que já nada me aconteça,
Sinto o vigor do corpo desaparecer.

Vou avançando dentro do negrume,
Quase fechando os olhos vivo ainda,
Não posso soltar canoro queixume,
Esperando que a sonata a dor dê finda.

Banham-me águas fétidas impuras,
Fere-me na mente mil punhais,
Já chega! Tornam-se as quadras mais duras,
E versos comigo, eu não tenho mais.

Nada escolhi...

Agosto 14, 2006

Nada escolhi que fosse a própria escolha.
Lembro-me da luz vaga vagamente
Remisso em sonhos lúdicos, qual folha
Beijando o verde, calma e lentamente.
Brandi o que eu pensava ser a espada,
Afiando o gume repetidas vezes,
Urdi beijos e abraços à minha amada.
Sinto o amanhã igual aos vários meses...
Serve-me o polido e amplo espelho
Olho-me diariamente e sou ridículo,
Ignoro se é meu sangue ainda vermelho,
Com esp’rança que suporte a fase ou ciclo.
Sei ver quando o verso soa a identidade:
Como estar preso à imunda puberdade.

Não tenhas pressa de sair de onde estás.

Agosto 14, 2006

Não tenhas muita pressa de sair de onde estás.
Não é a vida breve e tudo um dia acaba?
Finda a frágil calma e num instante: zás!
O que por ti erguido foi, um mundo, um Amor, desaba.
Não há sentido algum que tudo deva ter,
Já é milagre ouvir, tudo sentir, poder amar,
Pensar eu já não quero e deixar acontecer,
Deixo entregue ao Sol poder o mundo iluminar.

Cânticos

Agosto 11, 2006

Já estive dentro das góticas torres,
Que em chão as sombras de ti fazem pouco,
E tu, ó cegueira, porque não morres,
Com incessantes devaneios de louco?
Pensava que deambulasses por mim,
Quando as mãos anunciam que há um Fim.

Cantando pelo lago de lamentos,
Ouvi, já quem a esperança lá deixou,
Drenei da mente ásperos sentimentos,
E vi a serpente que águia deixou.
Pedir desculpa ao Tempo eu já não peço,
Porque ao Tempo o perdão serve d' arremesso.

Dentro de um ninho de áspides há quem,
Seja a encantadora de serpentes,
Porque um músico tarda e nunca vem,
Encantar, com melodias as mentes.
Talvez tenha morrido em nobre causa,
Repouse vivo já na eterna pausa.

Passo por entre a benção divina,
Escutando os belos e ocultos mistérios,
Lanço-me como uma ave de rapina
Resfolegando entre os rostos mais sérios.
Mas não me sobra mais tempo de canto,
Cantando eu vou sem qu'rer parar, no entanto.



Nem pensar!

Agosto 10, 2006

Não tenhas medo do teu novo ser,
Porque eu também já não sei bem quem sou,
Em vez de dor, em Amor vou converter,
Os sonhos que a Vida mos degolou.
Talvez p'ra lá do Rio eu vou remando
Mas porque insistes sentar-te ao meu lado,
Eu vou mais uns dias longos cá estando
Tentando estar contigo ainda acordado.
Pensar? Não quero pensar em mais nada,
Ouvir só as árvores a murmurar.
Fugir? Que sofra da vida emboscada!
Quero um jardim para luzes plantar.
São frívolos pensares, ó minha amada,
Porque nunca mais nisto quero pensar.





Não tenho nada!

Agosto 08, 2006

Pudesses desvendar, Musa, mistério,
Onde guardei num lugar e esqueci,
Talvez sepultasses num cemitério,
As mágoas que em vida nunca as sofri.

Talvez fosses arqueóloga do momento,
Onde no branco fixo olhos em espanto,
Não tenho (e sofro) um único sentimento,
Sou penitente que não quer ser santo.

Dou passagem a todos que encontrei,
E deram-me sobre o tempo notícias,
Sem dar ouvidos, penso que disfarcei,
Pois sonhava com futuras carícias.

Não penso na vida pois eu sobre ela,
Deixei de defender vãs teorias,
Penso, intermitente, que a vida é bela,
Quando se abate as nuvens nos meus dias.

Que pensar mais senão nesta cabeça,
Curvada do peso que me suporta,
Sou puzzle que falta sempre uma peça,
que encontrá-la, já nem sequer me importa.

Se queres saber, minha tão doce amada,
Nem me importo sequer com minha imagem,
Sou como a passageira e leve aragem
Que sorrateira passa e não diz nada.

Talvez mais cavernoso a ser eu venha,
Mas no fundo bem sabes que eu recuso,
Deter para sempre esta amargura estranha,
Que a ninguém serve, sem ter qualquer uso.

Quero engolir somente o mundo inteiro,
E depsejá-lo em verso em rios de Amor
Mas penso que em nada sou pioneiro,
converter desejos em mágoa ou dor.

Mas penso que eu te disse em algum dia,
Que o teu mal é cederes-me os ouvidos,
Compreendes porque eu tenho a poesia?
Sou os livros que nunca serão lidos.

Mas provo ainda o gosto da beleza,
De quem passa por mim e nunca me olha,
Quem passa olvida da sua subtileza,
E passa sem ter pensado na escolha.

Melindra-me não haver o que inspira,
Nem que seja minha tristeza doce,
Se fosse outro diferente, então que fosse,
Não quem à eternidade nome revira.

Sou fumo expelido da minha boca,
Aríete inútil num portão batendo,
Sou óstia que na boca se coloca,
que na boca incolor vai desapar'cendo.

Sou charco irremediavelmente imundo,
que olhando extingue do alheio vontade,
De salvar pobre alma ao moribundo,
Que prega louco sobre uma verdade.

Pois no fundo com verdades não vivo,
Bondosa a Natureza é que concede,
Beleza etérea com que eu sobrevivo,
Que gentil mão reclama e nada pede.









CCLVII

Agosto 01, 2006

Quando um puro Amor é a fonte ingente,
Escreve o vate o verso tão cristalino,
Mas o vazio em verso é mais pungente,
Torna o poema épico mais fino.
Talvez não deva partilhar loucuras,
Que noutros tempos desmanchei em verso,
Mas hoje, não faço mais conjecturas,
E o deslizar da pena é mais perverso.
Quando eu me for, e os ventos me levarem,
Não sei se o que eu deixo, é contributo,
Estarei longe quando me reprovarem,
Sem querer deixar mármore em bruto.
Se advir maior louvor, que venha então,
De quem não esmaga ou julga um coração.

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