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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Canto II

Dezembro 04, 2005

Sabes porque gosto do teu sorriso?
É porque nele me vejo sem olhar,
Conto simples de belo narciso.

Tenho o teu sorriso para adorar,
Sem seres um enigma ou um mistério,
És como o Fogo, Água, Terra, Ar.

Porque julgo deter um vasto império,
Sem deter a coroa ou farto manto,
Sem olhar o campo com ar sério?

És poema que, lido, gera o espanto
Nos jardins de Adónis concebido,
Tens alma que quebra o meu quebranto.

Sou infantil, poeta embevecido,
Não vês que são lúdicas frases minhas,
Grato por me sentir enriquecido?

É culpa, minha culpa as andorinhas,
Voarem longe de ti quando profiro,
Palavras de coléricas avezinhas,

Quando cai a chuva e um retiro,
Mesmo juntos todos não se apartam,
No mesmo, assim na voz te firo.

Mas elas, quando chove, ainda cantam,
E nós com elas em bom pensamento,
Porque canto seu outros não espantam.

Porque vejo em ti contentamento,
De Beatriz, Raquel na adoração,
Quem de luz no peito dá alimento,

Como almas que sofrem em oração,
Puro gesto quando se tem a esperança
A fulgir ainda nelas no coração.

E ter-te perto é toda a bonança,
Quando a luz da nossa madrugada,
É ao fim dia já lembrança,

Porque não é a alma temperada,
Com a marítima e doce calmaria,
Que cessa a dor à mãe preocupada.

E cingir o teu rosto ao fim do dia,
No peito meu ainda angustiado,
É ter ave que canta na gelosia,

Ouvir o canto doce e moderado
Como vem do ti belo sorriso,
Sinto não me ter eu transviado,

E ter-te é só do que mais preciso.

Contrariedade

Dezembro 04, 2005

É criminoso quem diz verdade,
É louco quem vive e sente alegria
É crime quem fala com liberdade
É o que vejo durante o dia.
Vence as mãos que manipulam
Vence quem não detém talento,
Vence quem os falsos osculam
E lançam as almas ao sofrimento.
É fraco quem o perdão concede,
Quem lança ao outro simples sorriso,
Quem à vontade não retrocede,
Quem crê no Amor, louco é sem siso.
Mais alto voa porque se atreve,
No ar, na terra, a quem nada deve.

Ó gente de Portugal

Dezembro 04, 2005

Não penso só do que eu era,
Porque do que eu era ainda sou,
Lamento quem desespera,
Não ter a alma que abandonou.

Abandono-me eu sim, à Morte,
Como por nós faz o Pai,
E nossa Mãe que sabe ser forte:
Entra o novo e o velho sai.

E nos meandros da subtileza,
Se é subtil quando se escolhe,
Viver do Amor e sua beleza,
Que a Morte ainda não recolhe.

E então de súbito pensamento,
Acordo ao raiar do novo dia,
Que alma luz forte cá dentro,
E abandono-me à Alegria.

Que dura tanto como a vida,
Tombando como folha outonal,
Acorda, alma embevecida
Ama o teu lar; ama Portugal.

Contraio-me na nossa história,
De almas ousadas e inquietas,
Tenho do Poeta a memória,
Em versos sobre as descobertas.

Cada país é uma pessoa,
Que traça seu próprio destino
Ouve como forte entoa,
Lê a letra do nosso hino,

Como quem lê simples jornal,
Que se retém sua mensagem,
Ó gente do meu Portugal:
Que não se viva só de imagem.

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