Canto II
Dezembro 04, 2005
Sabes porque gosto do teu sorriso?
É porque nele me vejo sem olhar,
Conto simples de belo narciso.
Tenho o teu sorriso para adorar,
Sem seres um enigma ou um mistério,
És como o Fogo, Água, Terra, Ar.
Porque julgo deter um vasto império,
Sem deter a coroa ou farto manto,
Sem olhar o campo com ar sério?
És poema que, lido, gera o espanto
Nos jardins de Adónis concebido,
Tens alma que quebra o meu quebranto.
Sou infantil, poeta embevecido,
Não vês que são lúdicas frases minhas,
Grato por me sentir enriquecido?
É culpa, minha culpa as andorinhas,
Voarem longe de ti quando profiro,
Palavras de coléricas avezinhas,
Quando cai a chuva e um retiro,
Mesmo juntos todos não se apartam,
No mesmo, assim na voz te firo.
Mas elas, quando chove, ainda cantam,
E nós com elas em bom pensamento,
Porque canto seu outros não espantam.
Porque vejo em ti contentamento,
De Beatriz, Raquel na adoração,
Quem de luz no peito dá alimento,
Como almas que sofrem em oração,
Puro gesto quando se tem a esperança
A fulgir ainda nelas no coração.
E ter-te perto é toda a bonança,
Quando a luz da nossa madrugada,
É ao fim dia já lembrança,
Porque não é a alma temperada,
Com a marítima e doce calmaria,
Que cessa a dor à mãe preocupada.
E cingir o teu rosto ao fim do dia,
No peito meu ainda angustiado,
É ter ave que canta na gelosia,
Ouvir o canto doce e moderado
Como vem do ti belo sorriso,
Sinto não me ter eu transviado,
E ter-te é só do que mais preciso.
É porque nele me vejo sem olhar,
Conto simples de belo narciso.
Tenho o teu sorriso para adorar,
Sem seres um enigma ou um mistério,
És como o Fogo, Água, Terra, Ar.
Porque julgo deter um vasto império,
Sem deter a coroa ou farto manto,
Sem olhar o campo com ar sério?
És poema que, lido, gera o espanto
Nos jardins de Adónis concebido,
Tens alma que quebra o meu quebranto.
Sou infantil, poeta embevecido,
Não vês que são lúdicas frases minhas,
Grato por me sentir enriquecido?
É culpa, minha culpa as andorinhas,
Voarem longe de ti quando profiro,
Palavras de coléricas avezinhas,
Quando cai a chuva e um retiro,
Mesmo juntos todos não se apartam,
No mesmo, assim na voz te firo.
Mas elas, quando chove, ainda cantam,
E nós com elas em bom pensamento,
Porque canto seu outros não espantam.
Porque vejo em ti contentamento,
De Beatriz, Raquel na adoração,
Quem de luz no peito dá alimento,
Como almas que sofrem em oração,
Puro gesto quando se tem a esperança
A fulgir ainda nelas no coração.
E ter-te perto é toda a bonança,
Quando a luz da nossa madrugada,
É ao fim dia já lembrança,
Porque não é a alma temperada,
Com a marítima e doce calmaria,
Que cessa a dor à mãe preocupada.
E cingir o teu rosto ao fim do dia,
No peito meu ainda angustiado,
É ter ave que canta na gelosia,
Ouvir o canto doce e moderado
Como vem do ti belo sorriso,
Sinto não me ter eu transviado,
E ter-te é só do que mais preciso.