Vejo a realidade como da Lua, Se vê o azul da Terra ou se deverá ver, Na Terra vê-se o mundo e o azul destoa, Errando a Humanidade sem se arrepender.
Vejo da torre alta a cidade sem a ouvir, Repique de sinos surdos e por trás o vento, Na rua oiço tudo sem que oiça o meu sentir, No desejo de ter um só pensamento
Sei quanto não faço sem liberdade Impele-me o medo que a providencia, Nada sei, porém, quando na verdade Depois de livre ser, o que faria. Brilha um Sol depois da tempestade Rompendo nuvens, entrando pla gelosia Num espanto viçoso na flor da idade Arauto da Liberdade e dum novo dia. Mas crava afiado gume punhal destino Sol de Ouro breve de pouca dura, Repica o recolher do povo o sino, Incendiando o Céu uma alma impura. E escapa-me a liberdade por entre os dedos Escrevendo ao Destino novos enredos.
Deixei de cantar como antes cantava, Porque a realidade deixei Pensei que com o tempo não me importava, O Belo que amei. Afasto-me seco do mundo que amava No chão me prostrei Dos bolsos cairam os mais belos que guardava, Versos que cantei
Este não me ocorrer nada, Chega a ser enfado Nada me alegra, nada me agrada Como se do mundo desligado, Estivesse - antes assim fosse, Como nas noites madrugado Meu ser alegre escapou-se Deste corpo jovem cansado
Das árvores tenho ouvido lamentos, Preces de quem triste pende a fronte, Não só a fúria íngreme dos ventos, Mas do Velho maldizente do monte. Concebe-se na fornalha inventos, Secando as águas puras da fonte; Escutei das árvores os lamentos, quem morre de sede e se esconde. Das caixas que insultam Pandora Oiço mentiras de excêntricos profetas enquanto pregam numa triste hora Mas sei que não são meus poetas Que expressam com mentes abertas Realmente quem o Mundo decora.
São gotas caídas do céu de luz num mundo de pez, negro cerrado Entregue às feras e abandonado Que sendo escassas, reproduz Esplendor de feixes do bastão lançado de feiticeiro que olhares seduz, De almas vagas às quais me impus, Um ardor meu como iluminado. De juízos o julgamento é vão, Fonte dúbia, de punhal na mão Temo quem de sorriso se reveste. A rua é estreita, escura a que escolho, E o tempo passa como piscar de olho, Como o sol no horizonte investe