Línguas de fogo
Agosto 19, 2008
É como descobrir mentira coxa
Nervosa e desmanchada. É como ler
Os mais simplórios versos numa roxa
Pálpebra, e vê-la doce adormecer.
É ver com olhos lânguidos de fogo
Fogosas línguas conquistarem montes,
E vê-los perto bem onde me afogo
No fundo do teu corpo sem horizontes.
É como quando um fruto proibido
Nos oferece mais que só trincá-lo,
Nos abre portas pronto a ser comido
Aberto e descoberto pra consolá-lo.
Ó falo que me falas noutros modos
Que arrastas as grilhetas deste inferno
Curva-te humilde antes que engulam todos
Os céus rosados límpidos de Inverno.
Ó fenda apetecida onde me estreito
Libera-me do dia num segundo
Ó gesto musical raro e perfeito
Puxa-me para dentro do abismo fundo