'Ó branca imaculada margarida'
Junho 06, 2008
Ó branca imaculada margarida,
deslizas sobre um prado de cabelos,
lúbrica e meiga e sóbria enternecida,
desenrolando cobras dos cabelos,
sombra de verão esmaecida,
aquosos lábios lindos, róseos, belos
que se estivessem longe e de partida
meu coração partia só de vê-los.
Num movimento lasso, me contorço
movendo praias como um mar revolto
e ponho-me a sonhar beijar-te o dorso
e ponho-me a beijá-lo desenvolto
na perpétua constância de viver
amanso o que não posso, flor, deter.
sombra do cipreste aguda e firme
guardados pensamentos desusados
porém possa escrevê-los de sentir-me,
numa marmórea campa descuidados
os versos, as raízes, alimento
o que te faz viçosa e abençoada
denota o que podia num momento
se tu estivesses Lua, embriagada,
os olhos marejados de piedade
acendem candelabros de esperança
de luz, pontos esparsos de bondade
tornar-te cheia e bela e linda e mansa
mas nada faz sentido neste verso
e nele inerte fico e o resto esqueço.