Um mel amargo
Novembro 30, 2007
Zumbem cá dentro os versos como abelhas,
Ferrando lentamente os seus espinhos,
Como as flores formosas e vermelhas,
Rasgando a minha pele com seus dedinhos.
Lançam-me, estes demónios, escarninhos,
Lambendo a branca espuma da sua boca,
Entornam-me na alma amargos vinhos
A mão que não me inspira e me sufoca.
Cismo em escrever como ar pra respirar,
Esvaziar-me no Nada, e drenando,
Vou contra as nove musas conspirar.
Ensina-me a parar quando mais devo,
Pois este sol de Inverno vai cegando
Teus olhos que a contemplar não me atrevo.