Peço-te!
Novembro 28, 2007
Tens os encantos lúcidos dourados,
E azuis, como as manhãs da Primavera,
E os teus lábios pequenos, são pintados,
Com rosas a que minha alma prendera,
Teus braços, tão macios, delicados,
São sempre abraços dados de quem spera,
Por momentos na vida já passados.
Compara-me ao teu rosto. O oposto vê-se,
És dia, eu noite, e nem por um instante,
Me lembro que escureço. E anoitece,
A prateada Lua, confiante,
E nem me importo tanto, pois esquece,
Que me serena o canto. Pois que cante
Nocturna melopeia que me aquece.
Diz-me para onde vamos de mãos dadas
Tu que aprisionas meus impulsos,
E as minhas ânsias de alma são levadas,
Por ventos furiosos e convulsos,
Guia-me a montanhas nunca alcançadas,
Soltando os meus já azulados pulsos,
Leva-me às montanhas nunca sonhadas.
A Dois Templos pensei erguer-te e honrar-te,
Dos meus delírios fortes e cansados,
Onde em segredo, amor, possa adorar-te,
No teu corpo meus olhos repousados.
Sem um distúrbio solto, não na arte,
Voando, em bando, a ti, versos alados,
Qual rouxinol voando pra cantar-te.
Mesmo os poemas onde ando perdido,
A ti ousar te peço humildemente,
Que por ti lidos sejam, se esquecido
For pelo mundo. E serei certamente,
Sou pelo céu e estrelas iludido,
Deter o universo em minha mente,
Sou quem tropeça e vive enlouquecido.
Dá-me a tua fragrância, essa brandura,
Esse teu jeito lindo onde os meus olhos,
Encantados se prendem, na ternura,
Lembrando as águas calmas entre escolhos.
És fonte, de água fresca, de água pura.
Cresce à minha volta versos aos molhos,
Como velas tremendo em noite escura.
Uns vestem a Loucura de farrapos,
E de mulher fingida vil, cruel,
Vestem a Razão com os melhores trapos,
Das duas, meu amor, é infiel.
Nesta borrasca, torno os versos aptos,
A ser a fonte pura de água e mel,
Beija-os: torna-os príncipes de sapos!