Mortal Canto
Novembro 26, 2007
Os versos trazem cores sepulcrais,
Os meus, não quero lê-los nunca mais,
Já basta as vestimentas deste Inverno,
Que dentro de mim mora sempre eterno.
Que inspiração aquela que derrocam,
Terras, e que línguas não se tocam?
Que Musas se inspiravam? Que martírios,
Que cores tinham os seus brancos lírios?
Cortantes versos dilaceram almas,
Que – como eu - nunca alcançam suas palmas,
Folhas de louro, ouro, pedras preciosas,
Que calam línguas de amor desgostosas?
Que cor tem o teu pranto, ó poeta amargo,
O sal que não se bebe só de um trago?
Que imortalidade tem os poemas,
Que elevam sepulcrais e mortais temas,
Mas, ó gente sofrida, expressem bem,
O que de melhor a nossa alma tem.
Se ó gente, viste o sol jorrar seus raios,
Como os amantes sobre os seus desmaios,
Sem ter que pertencer a um lado o outro,
Pousando num ramo, e pousando noutro,
Então escrevam nas húmidas areias,
Esperando serem lidos por sereias,
E possa o vosso canto ser eterno,
Enquanto a Vida for sempre este Inferno.