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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Estrela Cadente

Novembro 26, 2007

Nem céu azul macio, suave, acolhe,
Meu corpo envolto em nada, envolto em bruma,
Admiro quem no mar um rumo escolhe,
Admiro quem à Eternidade ruma.
 
«Traça, firme, um rumo sempre certo!»
Alguém me grita sem que me conheça,
Um verdadeiro herói, um desconcerto,
Não tendo alguém que o ame ou reconheça.
 
Ouvir, seguir os passos sempre certos,
Guiado pela máquina do mundo,
Sentir mesmo as mesmas dores e apertos,
Mesmo vivendo cego e moribundo.
 
Vaidade ser para alguém uma estrela,
Um guia, confiando a própria Morte,
Fingir ter enganado a sentinela,
Que guarda a mansão de ouro desta Sorte.
 
Meu pensamento alcança o promontório,
Onde furioso, o mar, embate e esmurra
No meu papel, eu escrevo o verso inglório,
Cantando-o à minha Musa que me empurra.
 
Salva-me do abismo, amada e Musa,
Estende-me a tua mão que me estendeste,
No reino vicioso da medusa,
Que embaraço me deu e tu não deste.
 
Pois sinto a mão do tédio no meu ombro,
Pousar, tão amistoso em simpatia,
Falsa me levando num assombra,
Cansar-me com enfado e Poesia.
 
O Tédio quer o jorro do meu sangue,
Detém o Dom das Trevas, os seus olhos
Alcançam meu pescoço, corpo exangue,
Lançando-me vazio entre os escolhos.
 
Sinto um ardor nas pálpebras pesadas,
A víbora entre as pernas, se enroscando,
Sinto um caos na mente, e arrancadas
Todas as flores que foste tratando.
 
Sou papel branco imaculado, e o tédio
Borrão grotesco, lama ou nojo ou Nada,
Gerada a minha dor foi neste assédio,
Sofrendo deste amor forte emboscada.
 
Dois mundos, no meu peito, colidindo,
Entrechocando-se à frente de escudos
E a minha mente igual não vai explodindo,
Em mundos áridos cegos e mudos.

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