Deambulações
Novembro 26, 2007
Terei secado a fonte,
Dos versos que te escrevo,
Dos versos que te lanço,
Que lê-los não me atrevo?
Terei vencido o dia,
A sustentar teu pranto,
Hoje, que nada inspira,
Calado está meu canto.
Estendo à noite a mão,
A ver se as estrelas caem,
Repúdio ao coração,
Que versos alguns saem,
Sou garrafa no mar,
Que vai boiando até,
À costa dar sem jeito,
Sem esperança ou fé.
Que fé pra meu sustento,
Se a fome é negra, é vã,
Não estar de nada isento,
Não ter lábios de Pã,
Mas esquece, mordaz vida,
Que eu possa aventurar-me,
Por telhados de vidro,
Voando e, enfim, cortar-me.
Vem, passa, e nada diz,
Tão gasto rosto, um susto
Estraga-me o que fiz,
A Vida, um deus combusto,
Mérito algum, não volve
Em palavras, poemas
Em nada desenvolve,
O ser de alguém emblema.