Pura Vaidade
Novembro 22, 2007
Uma gata ciosa independente,
Na almofada vermelha,
Perfume, à volta, as rosas exalavam,
No rosto, uma centelha;
Nova dava aos olhos despertando,
Na sinfonia, o Mundo
Novo, meu desejo revirando,
Naquele olhar profundo.
Seu maleável corpo atormentava,
A noite silenciosa,
Desperta, a Lua, eu nela me inspirava
Poesia obsequiosa;
Escorre pela flor o fresco orvalho,
E os lábios contraiam,
Palavras de labor, fútil trabalho,
E os olhos refulgiam,
Duas pérolas perdidas no oceano
Tão vasto quanto os olhos,
Há quem neles se perca e cria dano,
Batendo nos escolhos;
De um deslizar de cisne, a elegância
Ela tem ao andar,
O hálito empresta-lhe uma fragrância,
Das noites de luar;
E quando os lábios finos se contraem,
Respira o ar, desperta,
Dardejam uma doçura que me atraem,
Que prende e não liberta.
Mas minha mão mantém uma distância
Que tocar não permite,
Como quem foge da própria ignorância,
E um crime me emite;
E assim, meu lírio branco, margarida,
Deste sono desperta
Tenho ímpetos de Icário na subida
No Sol de boca aberta.