A Impotência de Orfeu
Novembro 22, 2007
Escorrego no mármore branco e inundado,
Das lágrimas derramadas no chão humedecido,
Confesso que não sei porque sou comandado,
Deslizar nas tuas lágrimas. Por elas, sou vencido.
Nas florestas lúgubres, escuras do teu pranto,
Procuro uma clareira verde e esbranquiçada,
Com túlipas nascidas de cores do meu espanto,
Quando vejo essa tristeza, no teu rosto, estampada.
Atónito, estremeço, deste frio glacial,
Minha Eurídice cativa num Averno de amargura,
Consolada pelas garras aduncas desse Mal,
Sugando, a largos sorvos, o teu sangue, a tua alvura.
Das cavernas escuras, oiço agonizantes choros,
O teu, agudo qual punhal afiado dentro no peito,
Rasga-me a esperança, minha jóia entre tesouros.
Deixa-me entrar nesse Inferno sinistro, atroz e estreito.