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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Cantata de poeta

Novembro 16, 2007

Germina a terra a flor que envolve e abrasa,
Vermelha rosa, sangue que me empresta,
À pena, um sofrimento que me resta,
Deixar-me embalar com a pluma ou asa,
          Restando só perder-me,
          E deixar envolver-me,
Trocando a realidade p’la loucura,
Do avesso a Razão vira, alonga o pranto,
Quem não contempla, escuta, apalpa encanto,
No solo verde fértil de ternura,
          Voando num fascínio,
          Iminente declínio,
Alados anjos vejo. As nunvens cobrem,
Azul cândido, leve, tão macio,
Lança no fim de Outono, o ouro, o frio,
Fofas nunvens, tímido Apolo, encobrem,
          Um rasto de supresa,
          Revela uma Beleza,
Quem a procura e dela se apaixona,
Da flâmula nascendo um vivo lume,
Contempla sem lamento, sem queixume,
Ao ser agreste, essência nele abona,
          Tem anjos pela guarda,
          Os céus, sua mansarda,
Brilhantes olhos volvem o invisível,
Fixando vagamente olhar vazio,
Abençoado ser que ao céu subiu,
Tornando-se na terra imprevisível,
          Capaz de embelezar,
          Escombros ao cantar,
À fortuna deposita confiança,
Nada ambiciona, quer, nada pretende,
Macias mãos aos céus azuis estende,
Tentando encontrar nele alguma esp’rança,
          Movendo-se sozinho,
          Andando em desalinho,
Da gente desligado, estranho e só,
A mente, é pauta; as notas, sentimentos
Desfraldando o estandarte em pensamentos,
Temor de desfazer-se em ar, em pó,
          As coisas questiona,
          Palma de ouro ambiciona,
Caminha na passadeira da fama,
Em pensamento, sonho, ou na ilusão,
Que se alimenta só do coração,
Da sua alma se elevando porque ama,
          Pobre desventurado,
          Sem destino marcado,
Desenhando nas estrelas um querer,
Figuras lhe aparecem e se revelam,
Como outros noutros tempos o fizeram,
Na sublime arte de querer saber,
          E num áspero gesto,
          Lhe vejo olhar funesto,
Prender-se com correntes de amargura,
Nesta abençoada e maldita agonia,
Procurar Arca da Aliança poesia,
No orbe inteiro, nos rostos, com ternura,
          Mas cede a liberdade,
          Amor omnipotente,
Versos que esvoaçam como borboletas,
          Pairando sobre as flores,
          Anseios dos amores,
Da cor dos lírios, asas predilectas...

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