Língua, que espinhos tem como as rosas...
Setembro 07, 2007
Língua, que espinhos tem como as rosas,
Sangrentas, quando colhes e a mão feres,
Que além das mais formosas flores, glosas
Os magros versos que lê-los, não queres.
Saber eu transcrever ríspidas prosas,
Delícias que tu tens pra me dizeres,
Amor que fere a mão espinhosa, rosas
São glória de mandares, de prazeres.
Rainha das raposas, das serpentes,
Imperatriz das aves de rapina,
De afiadas garras que poisam nos ramos;
Cessa o discurso! Passa p'los teus dentes,
Punhais brilhantes que nada me ensina,
Além do que um ao outro não cantamos.