Narciso
Novembro 02, 2016
Podes esbanjar o tempo inútil que te resta
Esculpindo o corpo, e contemplar no espelho
És iguaria ao Tempo hiante, que molesta
Fútil narciso, sejas jovem, sejas velho.
O outono virá sussurrar -te: “o tempo passa
Mais depressa do que julgas”, e abrirá
Bem funda uma cova à tua linda carcaça
À terra prometida onde se consumirá.
Somos frutos silvestres na boca do Tempo
Escavamos buracos, não encontramos nada
No fim, o ser feliz foi sol duma promessa
Do que mais falta sinto, o que tão bem me lembro
Não deste corpo dado, assim, de mão beijada
É da minha ida infância... passou tão depressa