Anoitecer...
Outubro 06, 2011
Vieram-me apagar a luz do candeeiro
Num quarto onde colava sonhos cor de prata
Onde acendia velas como ao longe luzes,
Cor de laranja doce que de noite mata
Quem pode ouvir da boca muda do futuro,
Seguro, uma certeza, em branco um diamante
No labirinto louco que é o coração
que de manhã quer ver uma Lua brilhante?
Nas penhas do destino, agora que me escapa
Areia entre as mãos castelos destruídos
Sei lá o que me prende, sei o que me mata
É não saber se os meus versos serão lidos.
Que o tempo os encaminhe como o vento as folhas
Nesta estação que mais parece o quente Verão
As rosas são bonitas se não as desfolhas
Como um pardal que vem comer à nossa mão
O cinto cintilante de Orion presente
Invoca-me a saudade, o céu de outro país,
Incrível, como o céu é igual para toda a gente
Mas não há muita gente que saiba o que diz
Os poetas possuem sonhos de mil esferas,
Com túneis e comboios em verdes montanhas
Há frases que da boca escapam como feras
É a lâmina fria da espada nas entranhas
Talvez por tecto venha a ter o céu estrelado,
De nuvens, quando a chuva vier molhar-me o corpo
Talvez me torne rei da própria liberdade
Oiço dizer que a vida passa como um sopro,
Um sopro ou baforada, anéis espessos de fumo,
Saídos duma boca mal agradecida,
Que hei-de fazer sem ti, que hei-de fazer sem mim
Se aceno à minha vida como à despedida?