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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Beleza

Janeiro 12, 2010

És como a Alma do Mundo, a ressonância

Divina, lá do cimo do alto cume

És sombra, que ilumina a ignorância

Que à minha sabedoria se resume.

 

És como um céu de prata rutilante,

Que substitui-me o bronze da tristeza

Esquecida mala pelo viajante

Num canto inolvidável da Beleza.

 

És raio fulminante que atordoa

Levíssimo tapete que me leva

Ao sol cor de açafrão sobre Lisboa

Que empurra, ao fim da tarde, toda a treva.

 

É pouco tempo o ínfimo segundo,

Que me demoro nos teus olhos meigos

Ah quem dera tocar mais nesse fundo

Mantido longe dos olhares leigos.

 

És como aquele hotel feito de gelo,

Erguido, como um sonho inalcançável

És boca derretida em caramelo

Mantida num silêncio inquebrantável.

 

És como as quedas de água. Quem te impede

Teu curso impetuoso e natural?

Borrifas a flor cândida que pede

teu sopro fresco no seco estival.

 

És sonda que me sonda o insondável,

Perdida nessa imensidão do espaço

Que existe em cada espírito impalpável,

Que se enternece com singelo abraço.

 

Se és tudo o que te digo, então quem sou?

Apenas quem constrói sagrado templo

Honrando essa pureza que sobrou

Um dia, em minha alma, sem exemplo.

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