Beleza
Janeiro 12, 2010
És como a Alma do Mundo, a ressonância
Divina, lá do cimo do alto cume
És sombra, que ilumina a ignorância
Que à minha sabedoria se resume.
És como um céu de prata rutilante,
Que substitui-me o bronze da tristeza
Esquecida mala pelo viajante
Num canto inolvidável da Beleza.
És raio fulminante que atordoa
Levíssimo tapete que me leva
Ao sol cor de açafrão sobre Lisboa
Que empurra, ao fim da tarde, toda a treva.
É pouco tempo o ínfimo segundo,
Que me demoro nos teus olhos meigos
Ah quem dera tocar mais nesse fundo
Mantido longe dos olhares leigos.
És como aquele hotel feito de gelo,
Erguido, como um sonho inalcançável
És boca derretida em caramelo
Mantida num silêncio inquebrantável.
És como as quedas de água. Quem te impede
Teu curso impetuoso e natural?
Borrifas a flor cândida que pede
teu sopro fresco no seco estival.
És sonda que me sonda o insondável,
Perdida nessa imensidão do espaço
Que existe em cada espírito impalpável,
Que se enternece com singelo abraço.
Se és tudo o que te digo, então quem sou?
Apenas quem constrói sagrado templo
Honrando essa pureza que sobrou
Um dia, em minha alma, sem exemplo.