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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

cada segundo...

Setembro 22, 2017

lembra-te: que os teus dias sejam despedidas.

as horas triviais eternas, gozos infindos

a Morte, diariamente, tira-nos as medidas

modista nas esquinas, poética, sorrindo

 

espera-nos a derrota, inevitável de evitá-la

retê-la nos dias de ecos no infinito

é inútil, nada podemos, tenta enganá-la

só contra o Homem somos donos do destino

 

na caça insaciável, leoa a arreganhar-nos

mandíbulas terríveis, sem boca, incorpórea

escondida num covil, no sótão, no armário

ignoremos-lhe os crimes cometidos na História

 

o chá bebido, o prato, o vinho, o retinir

de copos, cada folha, tronco ou gota de água

cada sorriso, o riso, a lágrima, o dirimir

da dor mortal sabermos dessa eterna mágoa

 

a tua mão caber na minha, o agasalhar-te

ainda, ouvir-te a voz angélica, teu sorriso

lembrando planícies amplas iluminadas

é um sol nascido puro a oeste do paraíso

Duelo

Setembro 20, 2017

O discurso militar na língua dos idiotas

a ditadura insana dum guloso imundo

uma ave de rapina é mais poliglota

e o canto entendido nos quatro cantos do mundo

 

em pratos polidos de prata reluzente

banquetes onde o vinho escorre em cataratas

onde o músico é surdo e cega a sóbria gente

e o escorpião é rei, rainha uma barata.

 

um tiro na cabeça do que invoca a fome,

e à força bruta quer pintar os céus de fogo

buraco negro gordo enquanto o povo dorme

fantoche, marioneta (de quem? interrogo…)

 

 Papá, valia mais jogarem à macaca

um jogo que jogassem logo muito cedo

ganharia o que deitasse fora a sua faca

e convertesse em esperança o corrosivo medo

 

e não deixasse nunca abrir-se esses portões

de silos e paióis, de anéis largos de fumo

de bombas de hidrogénio e bombas de protões

cuidado se os maus hábitos viram bons costumes

Obscuro

Setembro 19, 2017

Fosse a minha alma um pião tonto, eu tocaria

o corpete preto e prateado da lua fria

e seguiria o curso igual da eternidade

buscando, como um Buda, a mais cruel verdade

 

rasgamos céus de cinza onde nos encontrámos

de íngremes escadarias de frágil esferovite

pairamos com estrelas que em vida recortámos

e que o Tempo nos viu e ofereceu convites

 

ó hora das dissonantes vozes na cabeça

tentai esmagar um pêssego na mão e verás

um túmulo discreto no seio da natureza

vê como o poema em versos tristes se desfaz,

 

como desmascarar as farsas do costume

na mão, sempre a maçã, o crime no seu peito

como esse gosto azedo imposto pelo ciúme

lama atirada ao rosto imberbe do respeito

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