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POESIA ÀS ESCONDIDAS

Poemas escritos por António Só

Dedicado a P...

Junho 30, 2006

Que bom que é sentires dentro de ti,
Quando dentro de ti, feliz, alcanço,
Triunfo do mais belo que eu senti,
Sorriso teu, triunfo meu. Descanso...
Quando sentires dentro de mim um rio,
Escorrendo calmo e brando, terás então
Pura verdade que alguém nunca a ouviu,
Ditado pela voz do coração.
E ver o teu sorriso é triunfar,
Lembrando aquele que duma criança,
Se alcança contendo um doce palrar,
Como se um hino fosse cantado à esp'rança.
Saiba eu ser sábio para te amar,
E contigo deixar sublime herança.

Três Sonetos

Junho 28, 2006

I

O que posso fazer por quem não pode,
Fazer o que eu não fiz nunca na vida,
A esperança, que ajuda a alma, não acode,
Marchar no tempo sem vida sentida?
Que posso eu fazer por quem não tem,
A esperança em si, expelida num langor,
Pélago que no fundo não tem,
Cofre denominado por alguém: Amor.
Que entendo eu disso se tanto duvidei,
De quem consentiu que eu pudesse amar,
Será que posso dizer que tanto amei,
Se sinto um peso por não acreditar?
Porque ao mundo as costas eu voltei,
Não mais ao mundo as costas voltar.

II

Dentro de uns olhos vagos eu penetrei,
E não vi tocha alguma reluzindo.
Bem meus ouvidos na voz concentrei,
E vagueei sonhando, mas não ouvindo.
Quem pode solucionar de outros problema,
Não é ferida um problema antes a chaga,
Que espera a cura milagrosa. E o tema,
Persiste mas nunca uma alma afaga.
Vês luzir ao longe o Sol e a Lua,
Podes lançar questões aos sábios astros,
E pensar que: “a vida continua”,
Colam-se à alma como os sete emplastros.
Como posso dizer o melhor para ti,
Se sinto que em vida eu nada vivi?


III

Colhe a flor antes que mirre ou morra,
Acaricia uma árvore que sente,
Germina em ti que em vida tens desforra,
De um Amor maior que em nada te prende.
Ouve enquanto podes ele claro ouvir,
Vê enquanto podes nele tudo ver,
Vê que sonhos são aves a fugir,
Ou rio que no mar alto se vem estender.
Mas não sigas conselhos de quem declina,
Pois ninguém nasceu para inclinar a fronte,
Como insultar a pobre Medicina,
Fixando sempre os olhos no horizonte.
E ter mais do que tens para quê, queixoso,
Se o querer ter furta o teu ser vigoroso?

Natura

Junho 27, 2006

Tão calma, quais águas puras de um lago,
Bela como a fecunda Primavera,
Sem que o Tempo obrasse ainda algum estrago,
Real distante de uma real quimera.
Olhos que serenam os agrestes ventos,
Mãos gentis macias, delicadas
Um rio em si transborda de sentimentos,
E o ser amável repele emboscadas.
Retém, minha memória! Retém a imagem,
De alguém que ao corpo alia alma tão bela,
Que o Ódio preste a ela vassalagem,
Curvando a fronte à Alegria nela.
Parei como se fosse soprada a aragem,
Um vento leve saído da boca dela.

LXXXVII

Junho 27, 2006

Quantos dados não lancei para que a sorte,
Gentil poisasse neste meu umbral,
Espreitasse e me silvasse ser a mais forte,
Mediador entre o Bem e o Mal.
Eu não me quero perder ao contemplar,
E ver que tudo passa e nada dura.
Não vejo um Querer poder entrelaçar,
Os dedos enrugados de ventura.
Fui ver e ouvir o mar que eu tanto quis,
Guardar das árvores sombra e o odor,
Perfurei as teias desta matriz,
Fui renovar o corpo e a alma de Amor.
Que foi que fiz? Pior: o que não fiz?
Talvez viva, não vivendo, a supor.

Um poema erótico

Junho 16, 2006

Princesa de alva pele fresca e macia,
Lascivo rosto, lábios pecaminosos,
Ver na tua boca meu falo eu queria
Banhando o alvo corpo em vagarosos,
E quentes rios de ingentes mil jorrares,
Nascidos nos montes dos meus desejos,
Colher a tua amora e tu a olhares,
Enquanto por cima eu cedo todos os meus beijos.
Envolta em manto linho imaculado,
Com delicadas mãos me gesticulas,
Estando já meu comediante irado,
Com um dedo, o teu prazer e o meu regulas.
E ardo sem que a fogueira eu veja,
Ceder-te calor degolando o frio,
Abriste tuas janelas para que eu veja
A luz jorrar da fonte quente do cio.
Mordazes os meus beijos se vão tornando,
Ao ver teus finos lábios retorcidos,
Fechando os olhos, meu falo vai falando,
Com teus nus seios expostos e exibidos.
Nem as doces cerejas têm o sabor,
Dos teus mamilos tão... (hum!) saborosos,
Trinco um e outro sem querer causar-te dor,
Alegres vai ficando e vigorosos.
Princesa do Sabbat, tu determinas,
O Fim do que eu considero o início,
E, se o quadril redondo tu me inclinas,
Findar o movimento era um suplício.
Expressão de quem vai sendo molestada,
Porém, vai sendo mais amada ainda,
Sobe um rubor quando acariciada,
Na fenda... Se visses como tu és linda,
Quando te vens, esfregando ao dianteiro
Tua válvula aquece e em mil explosões,
Recostas na almofada e num primeiro,
Soluço te deitas com as ilusões,
E o teu primeiro riso é esperançoso,
Que adorne por dentro o meu deus funesto,
Para quem pretende que seu corpo acuda,
Que com um singelo beijo se torna lesto.
Vê como por ti de cor ele não muda!
Com um dedo eu espreito se ainda vives,
De tinteiro servindo à minha pena,
E no papel lendo os versos revives,
Tão ousada e deliciosa cena,
O afago vem no teu espesso cabelo,
Que adora se soltar pelo meu peito,
Desenrolemos um novo novelo,
Que este corte e costura não foi perfeito.

MDCCLXXVII

Junho 12, 2006

Ela nem sabe que eu escondo uma flor,
Só falta eu explodir em mil fragmentos,
Que eleve a flor meu leve e brando amor,
Mais juvenil que os próprios sentimentos.
Se encalhar nesta fria suposição,
Bem sei que vou para trás do ombro olhar,
E vou viver sempre em contradição,
De nunca ter em vida a cara quebrar.
E o tempo sempre em compasso andante,
Derrama o ácido sobre a mente ufana,
Mas ateia o fogo ó alma flamejante,
Porque o tempo atraiçoa e a vida engana.
Aceitas esta flor teu nome honrando,
A minha alma pela tua vai chamando.

DCCVII

Junho 09, 2006

Cerra os dentes quem no céu impera,
Enegrecendo a costa e o mundo inteiro,
E um coração inquieto por ninguém espera
Dançando em ritmo exacto e verdadeiro.
"Para onde vais, meu bravo navegador,
Não provando o sabor do desespero?
Põe freio aos teus impulsos; causador
De dissabores o mar é o mais fero."
Trancou portas aos seus tenros ouvidos
E fez-se ao mar sem pensares absorto,
Tornou-se, entre os outros mais conhecidos,
Aquele que atracou em luzídio porto.
Passaram os anos com' areia entre os dedos,
Sem se ver mais quem superou seus medos.

Girassois

Junho 07, 2006

girassois.jpg

São espanto impresso em sol e à noite fecham,
Recolhem as suas pétalas mimosas,
Enquanto dura a luz as nuvens não deixam,
Se espalham pelos campos mais formosas,
Ouvem rumores vindos de lá do fundo,
Na esperança de serem salvas por quem,
Se ergue do rio que escorre do Além profundo,
Um príncipe que lá mora e nunca vem.
E curvam a fronte, murmurando com o vento,
Quase tombando quando o sol se cobre,
Pelas nuvens, com o sol em cruzamento
Com quem decora o campo e não é pobre.
Abrem ao céu os braços que são preces,
Ao céu, vindo deveres e não benesses.


Crédito

Junho 02, 2006

Já vou esperar ansioso o teu regresso,
Já vou sonhar porqu' ao meu lado não estás,
Mas vou pensar que em nós isto é progresso,
E que um amor maior a saudade trás.
Vou contrair em beijos as minhas dívidas,
Mas só a ti ao crédito vou recorrer,
E sei que detens as melhores medidas,
Os juros são beijos que vais receber.
Receberás quando for do teu agrado,
E o juro, em percentagem, não é pesado,
Mesmo em crise que o povo atravessa,
Em beijos, abraços deves ter mais pressa,
Não quero ver se é melhor noutro lado,
Talvez mais tarde outro crédito peça.

CCCLXXVII

Junho 02, 2006

Divido o mundo em dois (é sempre em dois):
Em luzes impressas pelo Ódio e o Amor,
Mas tendo, e vendo o que vivi, depois
Não faço a nenhum dos dois nobre favor.
Compreendem? Não tomo lado nenhum,
Nem em vãs promessas que lutam em discórdia,
Eu posso é ser simplesmente mais um,
Dançando com os outros nesta paródia.
Ignoro porque nasci, ignoro o fim,
Nem cabe ao Fim saber porque voltei,
Apenas sei o que eu escolho para mim,
Nunca sabendo se eu cá voltarei.
É só uma questão de converter,
O Amor em Ódio e o Ódio em amor: escolher!

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