Soneto penitente
Julho 15, 2008
Lancei-me novamente à penitência,
Deitado em pedra fria duma igreja,
Fechei a minha boca! Já na beija,
A tua, amor! Peço-te só clemência!
Queimei-me novamente na imprudência,
Ergueu-se um fogo fátuo que me arqueja
Inquieto peito; a angústia já festeja
Ri-se e tem no riso a incontinência.
Palavras que cuspi, cuspam-me agora
Metralhem-me a minha alma imperfeita,
qual alma? Vejo-a feita em pó desfeita;
Mas tu mais nobre, Musa, que princesas
Lança-me ao mar profundo de incertezas
Porque esse mar incerto também chora.